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Fazenda goiana usa novo protocolo nutricional para elevar precocidade do rebanho Nelore PO e produzir gado comercial mais jovem e pesado
Submetida a um extenso período seco – de até 180 dias – na região do Vale do Araguaia, a BSB Agropecuária, de Jussara, GO, procurou por bom tempo uma solução para a constante perda de peso de seus animais de recria no período que vai de maio a início de novembro. Com área total de 2.500 hectares, sendo 1.700 ha de pastagens formadas com Marandu, Andropogon, Massai, Zuri e Mombaça, a BSB dedicou-se, durante muitos anos, à produção de tourinhos Nelore com 36 meses idade, vendendo cerca de 150 exemplares/ano.
A partir de 2016/2017, contudo, o sistema produtivo da empresa começou a mudar, com a adoção de um modelo proposto pelo zootecnista Renato Tângari Dib, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e consultor técnico da BSB. Na safra 2019/2020, a “fornada” de 200 tourinhos já foi composta por indivíduos jovens (22 a 24 meses) e pesados (620 a 650 kg), perfil de animal que o professor Dib batizou de “Boi 22-22”, ou seja, um macho pesando [email protected] aos 22 meses de idade.
Para alcançar essa meta desafiadora, o consultor dividiu a recria em duas etapas, intensificando o desempenho dos animais na primeira delas, por meio do chamado “sequestro” pós-desmama (machos e fêmeas), ou seja, o fornecimento aos bezerros durante a seca, em confinamento, de uma dieta com qualidade nutricional similar à de um pasto em ótimas condições. Na segunda etapa de recria – já nos meses de chuva –, os animais são direcionados para áreas de pastejo rotacionado.
José Abel e Silva Júnior, gestor da fazenda, conta que sentia necessidade de aumentar a precocidade do gado PO e que o protocolo do “Boi 22-22” desencadeou uma grande mudança na propriedade, não apenas nos machos. “Começamos a desafiar novilhas na recria intensiva e conseguimos aumentar significativamente o índice de prenhez em precocinhas na fazenda. De 500 que desafiávamos antes, passamos, hoje, para 850. E o ciclo de produção dos tourinhos foi reduzido em um terço. Por isso, estimo que a produtividade geral da fazenda tenha aumentado, no mínimo, 35%”, avalia o gestor.
Semear capim em meio à vegetação nativa garante biodiversidade, conforto aos animais e boa produção de arrobas/ha
Em 2009, quando começou a participar da gestão da fazenda de sua família – a Santa Fé do Corixinho, de 11.300 ha, localizada em Corumbá, no Pantanal da Nhecolândia –, Eduardo Cruzeta sentia-se incomodado com o sistema tradicional de abertura de novas áreas, que pressupõe a remoção total da vegetação nativa, classificada por ele de “intervenção forte”. Também não entendia porque todo o material lenhoso proveniente da abertura era eliminado com fogo. Foi, então, que Cruzeta propôs à família a adoção de um modelo inovador e ecologicamente menos impactante: a “pastagem ecológica”, que ele passou a adotar, de forma mais estruturada, a partir de 2014/2015, quando assumiu o comando da propriedade.
Atualmente, a Santa Fé do Corixinho tem 216 ha formados a partir desse conceito, que pressupõe o plantio a lanço de um mix de forrageiras em meio às árvores nativas (elimina-se apenas as plantas de baixo porte) e manejo da pastagem pelo sistema Voisin, sem uso de herbicidas, fogo ou roçagens sistemáticas. O termo “pastagem ecológica” foi criado, em 1987, pelo agrônomo Jurandir Melado, para designar pastagens formadas com interferência ambiental mínima, em sua fazenda Santa Fé do Moquém, no município de Nossa Senhora do Livramento, na Baixada Cuiabana, MT. Em 2000, Jurandir detalhou sua experiência no livro “Manejo de Pastagem Ecológica – Um conceito para o Terceiro Milênio”. Hoje, estima-se que o modelo esteja implantado em 35.000 a 50.000 ha no País, 90% dessa área voltada à pecuária de corte.
Cruzeta entusiasmou-se com a proposta, mas descobrir que mudar velhas práticas não é fácil. “A equipe da fazenda demorou a entender o que fazer e houve muita resistência dentro da família”, lembra o gestor, que é sócio da fazenda, junto com os pais e dois irmãos. A propriedade é proveniente do patrimônio da Família Barros, que legou ao País nomes importantes como o poeta Manoel de Barros e seu irmão, o pecuarista e também escritor, Abílio de Barros.
“Lá pelos anos 60, eram quase 200.000 ha. Com o tempo, as terras foram sendo divididas entre os descendentes. A parte que coube à minha família (11.300 ha) tem o tamanho mínimo para se fazer pecuária rentável na região, já que o decreto estadual 14.273, de 2015, restringiu a formação com gramíneas exóticas no Pantanal a 50%, nas partes altas (“savana arbórea”, onde ficam 40% de nossas terras) e 60% nas partes baixas, geralmente alagáveis (onde ficam os 60% restantes)”, explica o produtor.
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