Conteúdo: 21/07/2021

Muito arroz, pouco feijão? Guandu pode ser a solução

O professor titular da FMVZ-USP e colunista da Revista DBO, Enrico Ortolani, fala sobre a importância de ter no pasto a dupla arroz (capins) e feijão (leguminosas), o primeiro rico em energia e o segundo, em proteína

Novilhas em área consorciada de capim com guandu: mais proteína na dieta.

Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)

Tive uma aula marcante na faculdade com um técnico que tinha acabado de voltar da Austrália, onde estudara o sistema pecuário daquele país. Ele disse que os agrônomos da terra dos cangurus, por décadas, rodaram a África (continente dos capins), as Américas (continente das leguminosas) e a Ásia (um misto de ambos), de lá trazendo quase 1.000 variedades de forrageiras, na busca de soluções para suas pastagens à época paupérrimas. E se deram bem!

Disse esse mesmo técnico que o ideal era ter no pasto a dupla arroz (capins) e feijão (leguminosas), o primeiro rico em energia e o segundo, em proteína. O segredo das leguminosas está nos nódulos de suas raízes, onde se hospedam bactérias (nitrificantes) que captam o nitrogênio inerte do ar e o transformam em nitrogênio assimilável pela planta e outras que estão ao seu redor. Fantástico né!

Todos estão carecas de saber que os capins tropicais são pobres em proteína, principalmente durante a seca, o que limita demais o ganho de peso da boiada. Para compensar essa carência, temos de encher os cochos com sais proteinados, cujos preços andam nas alturas. Um inferno para as contas! Nos especializamos em produzir “muito arroz” e quase nada de “feijão”. A grande pergunta que fica é por que os australianos consorciam uns 100.000 hectares de pastagens e nós não passamos de uns 80.000 hectares?

Breve retrospectiva

A história das leguminosas nas pastagens brasileiras é curta. Na década de 1960, foi o maior pico da consorciação. Os técnicos em pastagem bradavam aos ventos as vantagens do casamento “arroz com feijão”. A leguminosa escolhida foi a soja perene. Para plantá-la, os pecuaristas misturavam o sal mineral com suas sementes, que já saíam nas fezes adubadas. Mas essa onda passou, visto que a soja perene só crescia em terra boa, algo pouco frequente em nossas pastagens, e o bom propósito foi para o vinagre.

Na década de 1980, começou a moda da leucena, arbusto alto, que tem folhas e vagens tenras, muito ricas em proteína. Muitos plantaram e quase todos desistiram pela dificuldade de manter uma boa consorciação, já que a leucena, quando mal manejada, vira uma potente planta invasora.

Área com leucena em pastagem de braquiária.

Em 1993, a Embrapa lançou o Mineirão (Stylosanthes guianensis) e, em 2000, o estilosantes Campo Grande. Após um bombardeio de propaganda na televisão, muitos pecuaristas plantaram essa leguminosa, que tem virtudes, mas que aos poucos foi sendo abandonada, pelo ataque de formigas e o mal manejo (desequilíbrios no consórcio), que resultaram na morte de bois “entupidos” pelas bolas de fibra (fitobezoares) formadas nas tripas, quando a pastagem tinha mais de 40 % da leguminosa.

Estrelas promissoras

Nativo do Brasil, o amendoim forrageiro passou despercebido até ser melhor estudado pela Embrapa, que lançou a cultivar Belmonte em 1999. Antes, porém, de chegar efetivamente às pastagens, tornou-se campeão dos jardins urbanos planejados. Já plantei o amendoim, gostei muito e mantenho até hoje alguns piquetes consorciados, com ganho de 100 a 150 g acima do registrado no mesmo capim solteiro. Já contei essa história na DBO número 359, de setembro 2010, vale conferir.

Amendoim forrageiro Belmonte, lançado pela Embrapa.

Infelizmente, essa boa ideia não foi colocada muito em prática na pecuária (à exceção do Acre, como mostra matéria de Ariosto Mesquita, na edição de julho da Revista DBO) e nem teve apoio incondicional dos técnicos badalados das pastagens. Vá entender?

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Legislação ambiental, voo panorâmico – Parte 2

Em artigo publicado na Revista DBO, Paulo Murilo Galvão, professor de Direito Penal e pós-graduado em Direito Ambiental, lista mais 15 pontos da legislação ambiental de interesse direto ao produtor

Por Paulo Murilo Galvão – Advogado, escritor, professor de Direito Penal e pós-graduado em Direito Ambiental. É, também, pecuarista em Goiás. E-mail: pmgg@terra.com.br

Caro leitor, vamos continuar a segunda parte de nossa viagem. Para quem perdeu o artigo anterior, estamos fazendo uma visão panorâmica sobre alguns aspectos da legislação ambiental. Continuemos com os olhos sobre a “copa das árvores”, para depois pousar sobre assuntos específicos de total interesse do produtor rural. Avante.

1) O Brasil possui 66% de vegetação nativa. Mais da metade do território brasileiro é coberta de matas e florestas, cerca de 550 milhões de hectares. Equivalente a nove Franças ou 15 Alemanhas de área verde.

2) Neste amontoado de florestas, apenas 10% são explorados com agricultura e 19%, com pecuária. Só um detalhe: esses dados não são da bancada ruralista. Foram colhidos pela Embrapa por meio de imagens de satélites e não são questionados nem mesmo por ambientalistas.

3) De toda essa área verde (66%), 13% são destinados aos índios e suas reservas. Isso mesmo, você não leu errado. Os indígenas possuem mais terras demarcadas do que toda a agricultura brasileira. E parte do congresso luta para aumentar esse percentual.

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