Frigoríficos intensificam buscas pelo boi-China, aceitando pagar bons prêmios por este tipo de animal; em SP, preços de bovinos abatidos mais jovens (até quatro dentes) oscilam entre R$ 345/@ e R$ 350/@, informa a Scot Consultoria
Wagner Pires está na Fazenda Igarapé, no Maranhão, e mostra uma adaptação simples e prática que ajuda no manejo do bezerro em seus primeiros dias de vida
DBO completa 40 anos de jornalismo em prol da pecuária; veja uma retrospectiva dessa história rica e emocionante
Por Maristela Franco
Em 1982, o Brasil – ainda sob regime militar, mas em processo gradativo de abertura política – vivia um clima de mudanças, apesar da inflação galopante (223% ao ano) e do alto nível de endividamento externo, que o forçou a assinar um acordo draconiano com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A seleção de Zico perdia para a Itália na Copa do Mundo da Espanha; o presidente João Figueiredo inaugurava a Hidrelétrica de Itaipu e o mundo via (perplexo) a Argentina iniciar uma guerra com a Inglaterra pelas Ilhas Malvinas.
Na pecuária de corte, o rebanho (estimado em 124,8 milhões de cabeças) avançava velozmente rumo às fronteiras do Oeste e Norte, tirando proveito da rusticidade da braquiária e da genética zebuína, porém adotando um sistema extensivo, de baixa produtividade. O País produzia apenas 3,49 toneladas equivalente carcaça (tec) , tinha taxa de desfrute de 12% e importava muita carne (entre 350.000 e 550.000 tec). Quem não se lembra da “carne Chernobyl”, importada pelo governo, em 1986, na esteira do Plano Cruzado, que congelou preços e gerou desabastecimento? À época, o boi funcionava como reserva de valor, a genética era selecionada exclusivamente “no olho” e os leilões de elite movimentavam milhões de cruzeiros.
Foi neste contexto que a DBO nasceu, fruto de um sonho despretensioso dos irmãos Daniel Bilk e Odemar Costa, cujas iniciais deram nome ao pequeno informativo, mais tarde transformado em revista. Leiloeiros de profissão, eles queriam registrar, em papel jornal, a efervescência do mercado de elite, conforme conta Demétrio Costa, o terceiro irmão (jornalista), que se juntou à empreitada e, posteriormente, se tornou diretor da empresa.
Nos primeiros 10 anos, DBO se manteve muito focada no segmento de leilões, mas participou da mobilização pelas Diretas Já (capa da edição de fevereiro de 1984), registrou desafios sanitários (febre aftosa, principalmente) e lançou as bases para uma linha editorial inovadora, a partir dos anos 90, quando se tornou “testemunha ocular” das transformações vividas pelo setor, por meio de análises conjunturais e reportagens de campo.
Pode-se dizer que a DBO avançou com a pecuária e a pecuária com a DBO. Suas 497 edições registram a “a saga do boi” no Brasil. Vitoriosa, aliás. O PIB da pecuária passou de R$ 10 bilhões, em 1997, para R$ 747,05 bilhões, em 2020, conforme o Beef Report 2021, publicado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Hoje, com um rebanho de 223,7 milhões de cabeças (segundo o IBGE) ou 190 milhões (conforme a Athenagro), o País ostenta o título segundo produtor (9,5 milhões de tec em 2021, conforme o Anuário DBO, atrás apenas dos EUA) e primeiro exportador mundial de carne bovina (1,846 milhão de tec), conforme balanço da Abiec.
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Nesta edição, temos um Prosa diferente: o testemunho pessoal do nosso diretor, Demétrio Costa, que viu a DBO nascer e dedicou sua vida à tarefa de transformá-la em referência para o setor pecuário
Formação profissional
“Comecei muito cedo no jornalismo. Tinha apenas 15 anos, em abril de 1964, quando me tornei um dos redatores do jornal falado Primeira Hora, até hoje transmitido das 7 às 8 da manhã, pela Rádio Bandeirantes. Nos 18 anos seguintes, na maioria do tempo acumulando dois a três empregos, passei pela agência noticiosa internacional UPI, pelo Jornal da Tarde, rádios Difusora, Tupi e Eldorado, assessoria de imprensa do gabinete do prefeito de São Paulo, TV Bandeirantes, chefia de jornalismo das rádios Tupi e Difusora, direção de jornalismo da Rádio e TV Cultura, assessor de imprensa da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e chefe de jornalismo da Rede Capital de rádio”.
Apoio fraterno
“No início de 1982, ainda na Secretaria de Cultura e Rede Capital, fraternalmente me dispus a dedicar fins de semana e eventuais madrugadas para auxiliar na preparação de textos para o número zero do Informativo DBO, um jornal tabloide de apenas 12 páginas. O propósito do Informativo era o de servir como veículo de divulgação de uma empresa leiloeira que Odemar e Daniel planejavam criar.
Em relação à leiloeira, ainda existia muita divergência entre eles. Era muito mais uma obstinação do Odemar, que pouco antes havia deixado a condição de sócio da Programa, uma das duas grandes empresas do mercado. O Daniel, já com uma agenda de leilões pela Remate, a outra grande, resistia à ideia, mas se encantava com o Informativo como veículo de marketing deles como leiloeiros. Rapidamente, vendeu todos os anúncios necessários para bancar o número zero, arregimentou colaborações de jornalistas de nome como J.M. Nogueira de Campos, então editor da Revista dos Criadores, e Cecília Zioni, da Folha de S.Paulo; o Odemar trouxe o veterinário Ronald Leite Rios como colunista e ambos levantaram informações sobre leilões realizados e a acontecer que serviram de base para meu trabalho de redação.”
Número zero
“Em março de 1982, saiu o número Zero do Informativo DBO. Normalmente, o número zero tem uma tiragem pequena, só para mostrar o projeto ao mercado anunciante. No Informativo DBO foram nada menos do que 14.500 tabloides, dos quais 11.500 enviados para uma listagem de pecuaristas e entidades do setor que o Odemar havia negociado como parte de seu acordo de saída da Programa. Como a empresa leiloeira ainda era uma interrogação, no número zero não saiu uma linha sequer sobre ela. Ao contrário, falou-se de resultados e de leilões programados por todas as leiloeiras. Nessa época, os leilões vinham mudando radicalmente a forma de comercialização de animais, mas nenhuma publicação da área percebeu o alcance dessa mudança e a oportunidade que ela representava. Só uma ou duas publicações davam uma simples página para divulgar alguns resultados e notícias rápidas de eventos programados.”
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Técnica não é nova, mas tem despertado interesse da indústria, porque melhora a cor e a maciez da carne bovina
Por Maristela Franco
Na edição de abril de 2001, a DBO publicou uma reportagem do jornalista Gitânio Fortes sobre estimulação elétrica de carcaças bovinas, que já era usada há décadas na Austrália, mas não deslanchava no Brasil, apesar de contribuir para a melhoria da maciez da carne, segundo o especialista Pedro Eduardo de Felício, então professor da Unicamp (hoje aposentado). Transcorridos 21 anos, esse cenário parece estar finalmente mudando, devido à crescente demanda por carne de qualidade, tanto no mercado interno quanto externo.
Um breve levantamento feito por DBO mostrou que pelo menos 10 empresas frigoríficas já usam ou preparam-se para usar a tecnologia em mais de 50 plantas. Trata-se, evidentemente, de um número parcial, mas indica forte interesse da indústria pela tecnologia, cujo custo de implementação pode variar de R$ 350.000 a R$ 2 milhões por planta, dependendo do modelo usado e das adequações exigidas.
Uma das pioneiras na estimulação elétrica de carcaças bovinas no Brasil é a JBS, que começou a adotá-la há mais de 10 anos e já a emprega regularmente em 30 de suas 36 unidades. Nas demais empresas, trata-se de tecnologia recente. A Minerva Foods, por exemplo, deu os primeiros passos na estimulação há três anos, instalando equipamentos em cinco unidades (Barretos, Araguaína, Rolim de Moura, Janaúba e Palmeiras de Goiás), com previsão de equipar outras três neste semestre. O Frigol, conforme explica Ulisses Oliveira, gerente industrial corporativo da empresa, fez testes em 2021 e iniciou a instalação de um equipamento na planta de Água Azul do Norte (PA). A Marfrig também já estaria disposta a testar a tecnologia.
Além desses grandes grupos, empresas que comercializam estimuladores apontam investimentos ou testes em unidades dos frigoríficos Frizelo, Plena, Frisa, Cara Preta, Astra, Barra Mansa e Estrela.
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Nova legislação do bloco proíbe a importação de carne de países que não seguem suas regras a partir do segundo semestre. França antecipa veto para abril.
Por Renato Villela
Uma nova legislação sobre o uso de antimicrobianos na produção animal, aprovada na União Europeia, no dia 28 de janeiro, deve impactar diretamente os produtores brasileiros. Promulgada pelo Parlamento Europeu em 2018, a Regulação 2019/6 ratifica a proibição de antibióticos melhoradores de desempenho ao mesmo tempo em que proíbe o uso dos medicamentos de forma profilática, exceto em circunstâncias excepcionais, para administração a número restrito de animais.
Ainda segundo a resolução, os antibióticos “só podem ser usados para fins de metafilaxia quando o risco de disseminação de uma infecção ou de uma doença infecciosa no grupo de animais for elevado e não existirem alternativas disponíveis adequadas”.
O teor da nova legislação não chega a surpreender. O conjunto de medidas reforça a postura da UE, que tem apertado o cerco contra o uso dessa categoria de insumos na produção animal. Antibióticos melhoradores de desempenho, por exemplo, são proibidos desde 1996 na Europa, assim como os beta-agonistas e os anabolizantes hormonais. O que há de novo no front e tem causado rebuliço no setor é o artigo 118 da resolução, que estabelece a reciprocidade das regras ao estendê-las para “animais ou produtos de origem animal exportados para a União Europeia”. Trocando em miúdos, o texto diz que os europeus somente comprarão carne de países que obedecerem as mesmas normas impostas ao mercado doméstico.
A resolução já entrou em vigor, mas ainda não em sua totalidade. Os países europeus estão “internalizando” as novas regras de acordo com sua legislação, o que ainda deve levar alguns meses. A França, no entanto, já se antecipou e publicou um decreto no dia 22 de fevereiro proibindo a entrada da carne de animais tratados com antibióticos melhoradores de desempenho. O país não é um grande importador da carne bovina brasileira, mas sua decisão pode influenciar outros mercados. Os franceses deram dois meses para que seus fornecedores se adequem às novas regras. A proibição passa a valer a partir do dia 22 de abril.
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Imac constata avanço da pecuária mato-grossense, mas quer solução para “indiretos” e ajuda aos produtores interessados em regularizar seus passivos ambientais.
Por Ariosto Mesquita
Os números são animadores. Em um intervalo de 10 anos (entre 2011 e 2021) a taxa de bovinos abatidos em Mato Grosso com até 24 meses subiu de 5% para 37%. Somente essa redução na idade de abate provocou uma queda de 10,4% no volume de emissões de metano (CH4) por animal abatido. Ou seja, como eles permaneceram menos tempo na propriedade, emitiram menos volume de gases de efeito estufa (GEE). Foram contabilizados 135 kg CH4/animal em 2011 ante 121 kg CH4/animal em 2021.
A previsão é de que esse indicador continue avançando positivamente, pois ainda há um bom volume de bovinos que permanece nas fazendas por mais de três anos. Em 2021, 30% dos animais enviados para frigoríficos tinham idade superior a 36 meses.
A evolução dos parâmetros sustentáveis do Estado foi divulgada, em fevereiro, pelo Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), usando dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). O objetivo é criar uma imagem positiva da carne bovina do MT nos mercados interno e externo, em resposta às pressões e críticas de países europeus e de alguns segmentos dentro do próprio Brasil, que invariavelmente apresentam a pecuária como a principal vilã no combate ao aquecimento global.
“Para levantar esses dados, consultamos estudos científicos, sobretudo da Embrapa”, avisa Bruno de Jesus Andrade, diretor de operações do Imac, criado em 2016 para promover o Estado, que hoje detém o maior rebanho bovino do Brasil, estimado em 32,7 milhões de cabeças.
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O AbigeApp, inédita ferramenta tecnológica utilizada no combate ao abigeato, foi um dos pontos abordados em evento online do Instituto Desenvolve Pecuária
A afirmação foi feita pelo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, Glauco Bertoldo, durante um painel sobre inovações na Expomeat
Empresa pretende aumentar sua capacidade de produção para aproximadamente 15 milhões de toneladas em 2022, um ganho de quase 1 milhão de toneladas em comparação com as expectativas anteriores
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