Revista DBO | Práticas sustentáveis: investindo no social
Fazenda em Caarapó, no sul do Mato Grosso do Sul, fortalece um dos tripés mais frágeis da sustentabilidade, o componente humano, que faz total diferença nos resultados
Por Moacir José
“É mais fácil um peão aprender a operar um computador do que um programador a montar numa mula.” Essa é uma frase que o bacharel em Direito e pecuarista André Ribeiro Bartocci costuma usar quando ressalta o valor do trabalhador especializado em pecuária, que possui talentos únicos, mas também enorme vontade de se atualizar. Diretor-proprietário da Fazenda Nossa Senhora das Graças, que faz recria-engorda e agricultura em Caarapó, no sul do Mato Grosso do Sul, Bartocci coleciona prêmios de produtividade e sustentabilidade, conquistados com apoio de sua equipe.
Habilitada para a Lista Traces e a Cota Hilton, sua fazenda já foi três vezes campeã do Circuito Boi Verde de Carcaças Nelore (2004, 2007 e 2014); categoria ouro no Programa de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa e duas vezes vencedora do Prêmio Nelson Pineda (2011 e 2012). Em todos esses prêmios, a equipe fez total diferença.
“No tripé da sustentabilidade, o social é o mais importante, porque, sem ele, você não consegue ter rentabilidade máxima nem preservar o ambiente adequadamente. Se os funcionários não entenderem a utilidade da preservação ou a importância da adoção de uma tecnologia, eles não farão o que tem de ser feito. E aí o processo empaca”, resume.
A “menina dos olhos” do produtor é o “Espaço Cultural” da fazenda, que leva o nome de sua mãe, Enoy Ribeiro Bartocci. Com 108 m² de área útil, o local conta com toda a infraestrutura necessária para realização de reuniões, pequenas festas, cursos diversos para os trabalhadores de campo, apoio escolar, recriação para a criançada, cursos de línguas e várias outras atividades.
São 20 funcionários (16 de campo, 3 de escritório e uma de cozinha), 14 deles com famílias. Desse total, apenas dois moram fora da propriedade. Os cursos para o pessoal que lida com o gado vão desde o manejo de pastagens e construção de cerca elétrica até avaliação de carcaças, manutenção de bebedouros, funcionamento de softwares de pesagens, aplicação de defensivos etc. “Até curso de primeiros socorros e combate a incêndios já fizemos. E foram extremamente úteis”, conta André, acrescentando que os filhos menores de idade têm cobertura de plano de saúde.