Por Carolina Rodrigues

Por muito tempo, a raça Nelore (presente em 80% do rebanho nacional) foi vista como “inferior” em termos de carcaça, devido, principalmente, ao acabamento tardio, fibras musculares mais duras e ausência de gordura entremeada (marmoreio). No início dos anos 2000, uma guinada tecnológica começou a alterar o rumo dessa história.

Pode-se dizer que o Nelore avançou 100 anos em 20 em qualidade de carcaça, amparado por pesquisas pioneiras, que levaram ao lançamento, em 2003, das primeiras DEPs (diferença esperada na progênie) para área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura (EGS), com ajuda de uma tecnologia recém-chegada à pecuária no País: a ultrassonografia, que permite avaliar o potencial genético para produção de carne de qualidade em animais vivos, incluindo o marmoreio, que confere maior suculência e sabor à carne.

Duas décadas após o início deste trabalho, já se pode constatar melhoria expressiva em vários quesitos. Uma avaliação realizada por Fernando Baldi, diretor de Pesquisa e Inovação da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), em progênies de 2.240 touros públicos mostra, por exemplo, que a espessura de gordura no Nelore aumentou 2,3 mm por animal e a AOL ganhou 11 cm².