“A arroba do boi brasileiro está mais cara que a americana”, diz consultora de mercado

Confira os principais trechos da entrevista da médica veterinária Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto, ao programa DBO Entrevista

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Analisando friamente os dados do Indicador do Boi Gordo Cepea/B3, o qual a referência é o Estado de São Paulo, o valor médio da arroba do boi gordo saiu de R$ 192,95, em 2/1/2020, para R$ 267,15, em 30/12/2020. A alta foi de 38,46%. Apesar de o índice mostrar um teto máximo de preço de R$ 292, em 11/11/2020, na prática, os preços já extrapolavam R$ 300 em muitas praças.

Este ano, porém, o próprio índice já aponta novas altas históricas. Na segunda-feira (1/2), o Indicador rompeu pela 1ª vez a barreira dos R$ 300, ganhando R$ 1 nessa cotação. A valorização é de 9,97% desde o início do ano. O ritmo continuou ontem, com a média de R$ 301,05. Mas quem pode prever até onde o valor da arroba pode chegar? A médica veterinária Lygia Pimentel não tem as respostas exatas, mas fala com propriedade sobre algumas tendências do mercado da carne bovina.


“O mercado pecuário este ano está muito volátil, mas eu arrisco que a arroba do boi possa chegar a R$ 315 ou R$ 320. Não descarto essa possibilidade. Mas dificilmente vai subir como subiu no ano passado”, avalia Lygia.

Lygia, que é economista, consultora para o mercado de commodities e CEO da Agrifatto, foi novamente convidada para o programa DBO Entrevista, de segunda-feira (1/2). Para ela, a carne bovina brasileira já está mais valorizada que a americana.

Boi tem valorização recorde no índice calculado pelo Cepea

“A arroba brasileira está cotada em US$ 56. E quando se compara com a arroba norte-americana, lá nos Estados Unidos, está por US$ 55. Ou seja, a arroba brasileira está mais cara que a americana. E nós somos hoje a arroba mais cara do Mercosul”, avalia a especialista.

Apesar da sinalização de preços melhores, a dificuldade pode espreitar o produtor de todos os lados, pois, na conta, não basta somente ter bons números na hora da venda do boi, mas igualmente bons números no custos da atividade. E nessa conta, acredite, não só perdem os produtores, mas também os vendedores de insumos, as indústrias frigoríficas e o próprio varejo.

Lygia Pimentel, veterinária, economista e CEO da consultoria Agrifatto, de São Paulo (SP). Foto: Divulgação

Na avaliação de Lygia todos os integrantes da cadeia não estão conseguindo repassar o aumento de custos para o preço de venda de seus produtos. O pecuarista não consegue vender um boi muito mais caro ao frigorífico, assim como o frigorífico não consegue repassar o valor alto que paga pela carne às redes de varejo.

“Quem menos conseguiu fazer esse repasse, até agora, foi o varejo. Enquanto o preço do boi subiu 50%, a carne subiu 43% no atacado e, no varejo, a alta foi de 32%. Está todo mundo perdendo margens ao longo de 2021. Este ano será desafiador para toda a cadeia”, diz Lygia.

Qual o fundamento dos preços?

Apesar de muitos frigoríficos avaliarem uma tendência de redução de abates, e queda nos números da exportação de carne, como forma de pressionar a valorização de preços, Lygia não acredita muito nesse cenário.

“A China vai se manter sustentada. Talvez, com um crescimento leve nas exportações, mas não no nível do ano passado, até porque o país está na busca por estabilizar a sua produção de suínos. Mas, mesmo assim, estamos falando do único país no mundo que cresceu no ano passado. Por isso, acredito que os chineses se mantêm interessados em carnes de maior valor agregado, especialmente a carne bovina”, explica Lygia.

Apetite chinês pela carne bovina deve continuar este ano, mas bem mais moderado do que em 2020

E a cria?

A atividade responsável pela produção de bezerros é a única na pecuária que ainda mantém, de certa forma, saudáveis suas margens. Segundo a economista, não se trata de uma das margens mais altas – comparadas às atividades de recria e engorda –, mas está mantendo o chamariz por conta da valorização do bezerro.

Por isso, no ciclo pecuário atual, segue forte a tendência de retenção de matrizes por todo o País, motivada pela valorização do bezerro. Em praças de Mato Grosso do Sul, a média de preço foi de R$ 2.701,58, na terça-feira (2/2). A alta acumulada no ano é de 12,52% e de 63,03%, considerando o mesmo período de 2020.

“Com os recordes dos preços de bezerros, isso estimula os produtores a manter suas fêmeas, o que estimula a atividade de cria. Ano passado teve uma retenção bastante forte.  Para se ter uma ideia, foi a retenção mais forte dos últimos dez anos, e esse movimento deve continuar ao longo de 2021”, diz Lygia.

Oferta de bezerros deve se normalizar já em 2022 e 2023

Quando voltaremos a preços normais de bezerros?

Bom, a máxima sempre foi, ‘tudo que sobe, tende sempre a descer’. No caso da valorização dos bezerros é esperada uma queda de preços a partir já do próximo ano, pois é dado que a partir daí a oferta desses animais tende a se normalizar.

“A partir de 2022 e 2023, os rebanhos de bezerros começam a ser reconstituídos. Já estamos construindo um ambiente de sustentação para o aumento produtivo, ou seja, ‘estou retendo fêmeas para lá frente ter mais produção’ e uma hora ou outra o preço da cria vai parar de subir como está subindo”, diz a CEO da Agrifatto.

Confira a entrevista na íntegra:

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