Calcular o consumo dos bovinos ajuda tanto no manejo do rebanho quanto na gestão dos recursos hídricos da propriedade e na preservação ambiental
Por Larissa Vieira
Você sabe dizer, com precisão, qual a quantidade de água consumida por seu rebanho? Essa é uma informação importante, não apenas para avaliar o desempenho animal, mas para a sustentabilidade do negócio pecuário. “Sem água não há como produzir. Precisamos pensar na água como um recurso finito, que tem custo e deve ser bem administrado, especialmente em momentos de crise hídrica como o atual”, alerta Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste que há 25 anos estuda o uso da água na pecuária, recomendando boas práticas e calculando as “pegadas hídricas” das cadeias da carne e do leite no País.
No último levantamento realizado, constatou-se que o Centro-Oeste, região com a maior população bovina do Brasil, direciona 29,6% da água captada para abastecimento animal. No Sudeste, esse volume é de 19,7%. Os Estados que mais usam água com essa finalidade são Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, destacando-se os municípios de Cáceres (MT), São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS). Dentre as espécies animais, os bovinos são os que mais consomem: 88%.
Importância do hidrômetro
Esses números reforçam a importância da gestão hídrica na pecuária. O primeiro passo é calcular o consumo, instalando hidrômetros na fazenda. “Esse aparelho barato, fácil de instalar, possibilita ao produtor planejar com segurança várias ações, como por exemplo a ampliação do rebanho”, explica o pesquisador. O ideal, segundo ele, é ter um hidrômetro para cada tipo de uso da água e fazer leituras semanais ou, no máximo, mensais, calculando o volume consumido no período.
Essa prática é adotada desde 2015 pelo pecuarista Antônio Ricardo Sechis, da Agropassion Pecuária Integrada, com fazendas em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Projetando ampliar o rebanho nos próximos anos, ele vem modernizando o sistema de captação e distribuição de água de suas propriedades. No município de Cassilândia, divisa de Goiás com o MS, fica sua fazenda de recria a pasto. Lá, Sechis reestruturou todo o sistema hidráulico, para passar das atuais 3.000 para 8.000 cabeças nos próximos dois anos, e ainda fazer lavoura de soja e milho safrinha.
Sechis aumentou o reservatório para 800.000 litros e instalou hidrômetros em diversos pontos, para medir o consumo de água dos animais. Além disso, montou quatro pivôs para múltiplo uso.