Apesar de mudanças relevantes no perfil dos trabalhadores do setor sucroenergético entre os anos 2000 e 2016, a participação feminina neste mercado manteve-se estável em quase duas décas. Os dados são de um estudo do Cepea analisado pelo pesquisador Leandro Gilio, da área de Macroeconomia da instituição.
Em seu artigo “Emprego feminino no setor sucroenergético”, Giglio cita “a desregulamentação estatal no fim da década de 90, o surgimento dos veículos bicombustíveis (os chamados flex), a crise, o processo de mecanização, e uma importante queda no número de total de pessoas ocupadas no setor acompanhado de aumento da remuneração média no período analisado.
“Constatou-se que, entre 2008 e 2016, houve redução de 45,7% no número de empregos nas lavouras de cana e diminuição de 5,1% nas usinas (ocupações industriais e administrativas). Porém, a remuneração média real recebida pelos trabalhadores aumentou 39,7% no campo e 17,4% na agroindústria canavieira”, afirma o pesquisador.
Os dados do Cepea indicam ainda aumento da escolaridade do trabalhador rural no setor. No mesmo período, o número de pessoas trabalhando com menos de 10 anos de estudo caiu 52%, seguido de aumento de 22% entre os com escolaridade superior a 10 anos de estudo.
O pesquisador observa que mesmo diante dessas mudanças, “houve relativa estabilidade na participação feminina no mercado de trabalho da agroindústria sucroenergética” entre os anos 2000 e 2016 , mantendo-se mantendo entre 7,6% e 8,8%. Em 2016, das quase 795 mil pessoas atuando no setor, cerca de 70 mil eram mulheres, ou seja, ainda menos de 10%.
Com relação ao salário médio recebido pelas mulheres, também houve ganhos reais expressivos no setor sucroenergético. De 2000 a 2008, foram 26% no salário médio e, de 2008 a 2016, um salto de 48%, com avanço importante na qualidade dos empregos para as mulheres.
A melhoria da qualidade dos empregos femininos se verificou também no agronegócio como um todo, mas realmente mais intensa no setor sucroenergético.
Na conclusão do trabalho, Leandro Giglio destaca a baixa participação das mulheres na atividade ainda é bastante baixa. Principalmente quando se compara à média do agronegócio que, em 2015, chegou a 28%. A média do mercado de trabalho brasileiro no mesmo ano, por sua vez, chegou aos 40%.