A produção de bovinos alimentados com grãos deverá desempenhar um papel maior no setor de carne bovina da Austrália, com a oportunidade de triplicar as exportações deste tipo de produto para a China até 2030, relata o portal Beef Central, com base em relatório divulgado pelo Rabobank.
Em seu estudo “Oportunidades para o crescimento da carne bovina australiana”, o Rabobank afirma que, enquanto a espinha dorsal da indústria de carne bovina australiana continuará sendo o sistema de produção baseado em pastagens, a alimentação com grãos deve desempenhar um papel cada vez maior na produção de carne bovina do país nos próximos dez anos.
Segundo a pesquisa, até 2030, os embarques de carne bovina australiana para a China poderão triplicar, saindo das atuais 50 mil toneladas para cerca de 200 mil toneladas. “O Rabobank acredita que haverá um forte crescimento na demanda global por carne bovina alimentada com grãos, impulsionada principalmente pela China”, reforça o relatório.
O autor do documento, o analista Angus Gidley-Baird, reconhece que as vastas áreas de pastagem da Austrália (além de uma produção limitada e volátil de grãos) atendem a um sistema expansivo de produção de carne bovina. No entanto, “desde a procura mais efetiva do mercado chinês às importações de carne bovina da Austrália, a partir de 2013, somada à expansão do apetite por carne bovina entre os consumidores chineses, tem havido uma demanda crescente por bovinos alimentados com grãos”, disse.
“O consumo de carne bovina chinesa continuará crescendo na próxima década e as importações desempenharão um papel muito maior no atendimento dessa demanda”, observa. Ao mesmo tempo, continua o analista, os consumidores asiáticos, incluindo a China, têm cada vez mais demonstrado uma forte preferência pela carne oriunda de bovinos alimentados com grãos, por ser altamente marmoreada, o que garante mais sabor, maciez, suculência ao produto.
Risco associado
Embora a produção de carne bovina de animais alimentados com grãos seja uma grande oportunidade aos pecuaristas australianos, essa iniciativa também representa “riscos e desafios” porque o país não estará sozinho nessa empreitada. O estudo destaca outros grandes exportadores de carne bovina – principalmente os Estados Unidos, Canadá e também alguns países da América do Sul – que também deverão aumentar os seus volumes de exportação no médio e longo prazos.
A boa notícia, diz Angus Gidley-Baird, é que, até 2030, o mercado chinês deve atingir perto de 500 mil toneladas de exportação de carne oriunda de bovinos alimentos com grãos. Em outras palavras, “haverá espaço suficiente para todos”. O Rabobank acredita que os outros fornecedores de carne bovina de alta qualidade não preencherão mais que 300 mil toneladas deste aumento da demanda chinesa.
Posição competitiva
Embora o sistema de alimentação de grãos da Austrália enfrente custos mais altos em relação aos gastos com nutrição registrados nos EUA e no Brasil, o relatório diz que vantagens como “valores de frete mais baratos e acordos particulares de livre comércio equilibram essa equação”. “Dessa maneira, acreditamos que os produtores australianos, com características próprias, poderão ser competitivos no mercado global de carne bovina alimentada com grãos”, enfatizou Gidley-Baird.
No entanto, se a Austrália quiser competir com sucesso com os EUA e o Brasil, observa o relatório, os produtores locais precisarão investir mais melhoramento genético do rebanho, além de elevar o número de bovinos que passam mais tempo no cocho.
Desafios Externos
Há também uma série de desafios fora do próprio setor produtivo que precisam ser considerados e gerenciados, diz o relatório. Isso inclui questões sociais e ambientais (como preocupações com o bem-estar animal e os impactos ambientais da produção em confinamento), além de uma perspectiva de comércio global cada vez mais volátil.
