Nesta quarta-feira, 29 de setembro, o mercado brasileiro do boi gordo registrou queda geral nos preços da arroba, movimento fortalecido pela demora na resposta do governo chinês sobre o retorno dos embarques de carne bovina ao mercado ao gigante asiático – suspensos voluntariamente pelo governo brasileiro (conforme acordo bilateral entre os países) em 4 de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos de vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB) no Brasil (em Minas Gerais e no Mato Grosso).
“Conforme os dias passam e não surge nenhuma novidade com relação ao posicionamento da China, crescem as tensões e preocupações entre indústrias e pecuaristas”, relata a IHS Markit.
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Entre férias coletivas, redução na capacidade de abate e adiamento no recebimento de boiada gorda, as indústrias frigorificas espalhadas pelo País tentam adequar a produção vigente da proteína bovina à demanda agregada, acrescenta a consultoria.
“O consumo interno é inconsistente e a ausência de novos negócios com os chineses sugere a possibilidade de redirecionar boa parte dos estoques existentes nas zonas portuárias para o frágil mercado doméstico, desencadeando prejuízos por efeito de queda nos preços da carne e margens negativas”, alerta a IHS Markit.
Do lado de dentro das porteiras, continua a consultoria, os elevados custos com nutrição animal não permitem a retenção dos lotes terminados, o que obriga o pecuarista a negociar a preços mais baixos e, assim, também sofrer com o recuo das margens operacionais.
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“A resolução mais breve possível do impasse com a China se faz mais que necessário para destravar o mercado, já que no mês de outubro muitas indústrias vão dispor da chegada de lotes oriundos de confinamentos próprios, o que poderá acentuar a especulação baixista nos preços da arroba”, observa a IHS.
Nas praças paulistas, os preços do boi gordo e da novilha gorda caíram mais R$ 2/@ nesta quarta-feira, para R$ 295/@ e R$ 293/@, respectivamente, enquanto a cotação da vaca pronta para abater ficou estável, a R$ 277/@ (preços brutos e a prazo), de acordo com dados da Scot Consultoria.
“Cresce a disparidade entre os preços de compra e venda de boiada gorda em praticamente todo o País”, ressalta a IHS.
Além de São Paulo, na maioria das regiões pecuárias, os preços das boiadas também recuaram, conforme apurou a IHS nesta quarta-feira (veja abaixo os valores atuais de machos e fêmeas nas principais praças brasileiras).
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Na bolsa B3, os futuros do boi gordo estão acomodados, diante da falta de notícias sobre a China. O contrato com vencimento em outubro/21 segue operando abaixo da barreira de R$ 300/@, informa a IHS.
No atacado, os preços dos cortes de ponta de agulha e de vaca casada recuaram nesta quarta-feira, apurou a IHS.
Os demais cortes, embora tenham se mantido estáveis, também sofrem forte pressão baixista, uma vez que as vendas da carne continuam muito fracas, diz a consultoria.
Na contramão, o sebo industrial voltou a subir, efeito da forte demanda de biodiesel no País.
Concorrência – No cenário internacional, o governo da Argentina anunciou a flexibilização das exportações de carne bovina à China, passando a valer a partir da próxima segunda-feira, 4 de outubro, informa a IHS.
A Argentina havia limitado a saída de produto do país como forma de mitigar aumento nos preços da proteína no mercado interno.
Em 2020, as exportações de carne bovina da Argentina para a China representaram 75% do total vendido pelo setor, segundo dados do governo argentino.
Cotações máximas desta quarta-feira, 29 de setembro, segundo dados da IHS Markit: