Brasil está atento para evitar entrada da Peste Suína Africana

O retorno da PSA ao País pode causar um prejuízo de aproximadamente US$ 5,5 bilhões no primeiro ano

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Foto: iStock

Em julho deste ano um alerta soou para a sanidade animal no Brasil, especialmente no setor da suinocultura.

A identificação de um foco de Peste Suína Africana (PSA) na República Dominicana fez com que autoridades, pesquisadores e produtores voltassem o foco novamente para essa doença que está erradicada no Brasil desde o fim da década de 1970.


O retorno da PSA ao País pode causar um prejuízo de aproximadamente 5,5 bilhões de dólares no primeiro ano. “Esse dado foi calculado no impacto econômico da introdução da PSA nos Estados Unidos, que estimou em 16,5 bilhões de dólares no primeiro ano de surto, e no número de matrizes suínas em ambos os países”, explicou a pesquisadora da Embrapa Janice Zanella, virologista da área de suínos.

“As carnes brasileiras trazem aproximadamente 15 bilhões de dólares de divisas para o Brasil, que exporta hoje 23% da carne suína produzida. Pela lei da oferta e procura, toda essa carne iria ’sobrar‘ e causar uma grande queda dos preços, levando a prejuízos para os produtores e desemprego tanto direto como indireto da cadeia da carne suína no Brasil”, completa o pesquisador Luizinho Caron, também da área de virologia da Embrapa Suínos e Aves.

A PSA é uma doença viral que afeta apenas os suínos e é altamente contagiosa, não tem cura nem tratamento, causando elevada mortalidade no rebanho.

De acordo com os pesquisadores, atualmente cerca de 78% dos rebanhos suínos do mundo estão em condição endêmica ou de alto risco para a PSA. E, ao surgir a doença na República Dominicana, estudos epidemiológicos foram feitos para determinar a extensão do surto e medidas para a contenção foram adotadas para eliminar os focos da doença, evitando a disseminação.

“Assim como o vírus chegou a essa ilha das Américas, também pode ter chegado a outros países. O importante neste momento é auxiliar os países com a infecção a eliminar a doença e melhorar as medidas de biosseguridade para evitar a entrada e eventuais pontos frágeis”, explica Caron.

É importante os países atingidos estarem preparados para reconhecer e diagnosticar a enfermidade com a maior rapidez possível, uma vez que é impossível ter medidas mitigatórias que garantam risco zero para a entrada da enfermidade.

Zanella complementa que, por isso, é necessário que se trabalhe em conjunto com a saúde animal dos países afetados para controlar e erradicar a doença.

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O Brasil se mantém fora dessa lista de países endêmicos e os pesquisadores frisam que essa condição se deve ao avanço da biosseguridade da suinocultura brasileira, tanto nas granjas, como nas medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a importação de animais ou seus produtos e derivados para evitar a entrada de doenças.

Além disso, os sistemas de vigilância e controle da saúde animal são atuantes e estruturados, muito diferente de 1978 quando a doença chegou ao Brasil.

“Uma prova da eficiência dos nossos serviços de vigilância e defesa da saúde animal é que vários países vizinhos são endêmicos para enfermidades dos suínos como PEDV (Diarreia Epidêmica dos Suínos) e PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratórias dos Suínos) e essas enfermidades ainda não foram diagnosticadas nos rebanhos do Brasil”, declara Zanella.

Para evitar a chegada da doença, muitas medidas estão em vigor para garantir a segurança sanitária da carne suína brasileira, como a inspeção.

“Temos um sistema de leis e normas legais, Sistema de Vigilância Sanitária, normas de importação para animais vivos com quarentena em local seguro (Ilha de Cananéia, SP), seguimos as normas da OIE para importação de produtos de origem animal”, numera Caron.

O Brasil tem ainda um Plano de Contingência Sanitária para o caso de identificação de suspeita de surto para Peste Suína Africana, além de inspeção ante e post mortem nos frigoríficos.

“O objetivo é que não sejam abatidos ou sejam considerados aptos para consumo animais com problemas para a saúde pública. Nesse trabalho são identificadas e notificadas suspeitas de saúde animal.”

Outras normas que garantem a sanidade dos rebanhos brasileiros é a proibição da criação de suínos em lixões e alimentação com restos de comida.

Recentemente foi implementado o Plano Integrado de Sanidade Suína, o que inclui monitoramento para PRRS e PSA, além de controle e monitoramento de suídeos asselvajados.

A rede de laboratórios oficiais do Mapa garante a realização do diagnóstico contra enfermidades de notificação obrigatória como a PSA.

Muitos estados também possuem normas de biosseguridade complementares às adotadas nacionalmente e mantêm empresas estaduais de defesa sanitária animal.

“A equipe de médicos veterinários sanitaristas privados está todos os dias no campo atenta aos problemas de sanidade animal e pode reconhecer e notificar suspeitas de saúde animal com rapidez”, declara o pesquisador da Embrapa.

No entanto, os cientistas deixam claro que não existe sistema com segurança total e por isso é importante estar sempre alerta às suspeitas da doença, sejam clínicas ou patológicas e informar imediatamente aos órgãos e sistemas responsáveis.

Não é possível “blindar” completamente um estado ou país contra uma doença, sem tornar a produção inviável devido ao elevado custo. Por isso, a equipe técnica da Embrapa enfatiza que é preciso investir e garantir a biosseguridade.

“É o mais recomendado para os produtores de suínos, pois a biosseguridade busca um equilíbrio entre manter as margens de lucro e a segurança sanitária dos rebanhos”, fala Caron.

As recomendações passam por estar atento à logística de transporte, fábricas de ração e frigoríficos de suínos, além de redobrar a vigilância com relação ao transporte ilegal de animais, uso de alimentos ou restos de alimentação humana que possam conter derivados de carne suína na alimentação de suínos sem prévio tratamento térmico.

Zanella destaca ainda a importância de o produtor comunicar as autoridades sanitárias sobre qualquer suspeita compatível com enfermidade hemorrágica, ou com elevada mortalidade no plantel, não receber visitas nas granjas, principalmente de estrangeiros provenientes de regiões endêmicas.

“As granjas são locais de produção de alimento, não pontos turísticos, por isso, as visitas devem ser restritas e controladas”, alerta a cientista.

A comunicação é outro ponto importante nesse trabalho.

“Toda a comunidade deve estar informada para que possa fazer a sua parte e ajudar a reduzir o risco de introdução ou de disseminação da doença no País.”

E muitas são as formas de evitar a contaminação, como, ao viajar, não trazer produtos de origem animal na bagagem, evitar visitar granjas ou locais com suínos em países endêmicos, evitar caçar em países com a doença em suídeos selvagens e principalmente não trazer troféus ou produtos da caça.

Ajude o Brasil a se manter livre da PSA

Orientações aos cidadãos em geral:

– Não trazer produtos de origem animal de viagens ao exterior. Eles podem trazer não somente a PSA, mas outras enfermidades que acometem rebanhos ou mesmo a saúde humana.

– Não trazer produtos de caça, especialmente suídeos asselvajados (javalis, catetos…) e não caçar em países acometidos pela PSA.

Orientações ao produtor:

– Evitar visitas à granja e monitorar todos os visitantes cumprindo todos os protocolos de sanidade.
– Reportar às autoridades sanitárias quaisquer alterações consideradas importantes nos animais: doenças hemorrágicas, mortes suspeitas.
– Atenção à alimentação dos animais evitando que comam restos de alimentação humana, especialmente se contiver carne suína.
– Combater o transporte ilegal de animais, sempre sujeito a riscos sanitários.
Seguir as leis, normas e recomendações de biosseguridade e investir nessa área a fim de manter as instalações seguras.

 

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