Durante a 12º Reunião do Grupo de Análise sobre a China, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) constatou que o Brasil precisa estar preparado para saber aproveitar as oportunidades abertas em meio a tensão entre Estados Unidos e China de forma consciente. O debate teve como tema “Tensões Comerciais entre China e Estados Unidos? Possíveis Impactos nas Estruturas Comerciais, Financeiras e Estratégicas para Mitigar Riscos”, e aconteceu na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília.
“Estados Unidos e China são superpotências mundiais e, mesmo sem estar diretamente envolvido nas tensões, o Brasil é afetado pelas decisões tomadas pelos líderes desses países, em questões de demanda por alimentos e produtos agropecuários, e preço de commodities, por exemplo”, disse, por meio da nota, o assessor técnico da Superintendência de Relações Internacionais da CNA, Pedro Pereira.
De acordo com a avaliação da assessora técnica da CNA, Bárbara Lopes, no último ano foi possível observar que, em meio a essa tensão, algumas janelas de oportunidade se abriram no curto prazo. “Os produtores devem estar atentos aos acontecimentos, mas ter muita cautela para não tomarem decisões impactantes em seus negócios baseadas em oportunidades que surgem a curto prazo para, no médio e longo prazos, não terem uma produção incompatível com a demanda”, frisa Lopes.
Já para o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, a relação entre China e Estados Unidos é sensível, mas o alto grau de interdependência das duas economias traz um certo nível de segurança. Segundo ele, toda e qualquer ação deve ser muito bem pensada e cautelosa. “Os dois países estão tentando liderar o processo de globalização, mas cada um baseado em um modelo distinto,” disse ele.
Conforme a CNA, as discussões do encontro se centralizaram na questão da “nova ordem mundial” e na disputa de poder entre EUA e China. Também foram discutidos o estado da globalização (ou da “desglobalização”), a segurança das informações e cibernética. O papel de organizações multilaterais como Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC) na mediação de disputas e conflitos também foi debatido em Brasília.