Brasil tem tecnologia para fazer pecuária de baixa emissão de carbono

Pesquisadores da Embrapa apresentaram durante palestra na Norte Show, em Sinop (MT), os resultados dos trabalhos envolvendo as emissões de gases de efeito estufa na agropecuária

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O acordo internacional feito na última Conferência do Clima prevê a redução das emissões de metano no mundo em 30% até 2030. A pecuária, como uma das atividades que mais emitem esse gás terá de se adaptar.

A boa notícia para os pecuaristas brasileiros é que o país já possui tecnologia para se adaptar e conta com bons exemplos disso. Quem faz a afirmação são os pesquisadores da Embrapa Alexandre Nascimento e Roberto Giolo, que palestraram durante a feira Norte Show, em Sinop (MT).


A feira é realizada de 19 a 22 de abril, no parque de exposições da Acrinorte. A Embrapa participa do evento com um estande e vitrine de tecnologias.

Pesquisadores da Embrapa palestraram durante a feira Norte Show, em Sinop (Foto: Gabriel Faria)

Diante de uma plateia formada por produtores rurais, consultores técnicos e estudantes, eles apresentaram resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa sobre as emissões de gases de efeito estufa na agropecuária e falaram sobre certificação de carne produzida em sistemas sustentáveis.

Alexandre Nascimento, da Embrapa Agrossilvipastoril, mostrou resultados de pesquisas realizadas em Sinop com apoio do setor produtivo, por meio da Acrimat e Acrinorte, avaliando diferentes sistemas integrados de produção agropecuária, como integração lavoura-pecuária (ILP), pecuária-floresta (IPF) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

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Os dados indicam maior produtividade em uma mesma área nos sistemas mais intensificados e um menor balanço de emissões de carbono equivalente.

De acordo com Alexandre, em sistemas bem manejados há aumento da matéria orgânica no solo e estocagem de carbono em forma de raízes das forrageiras e nas árvores, quando elas fazem parte do sistema.

Ao mesmo tempo, a pastagem com manejo correto é mais produtiva, resultando em maior ganho de peso animal e maior precocidade sexual de novilhas.

“Há três formas de reduzir as emissões de metano do gado. Uma é pela genética, mas ainda temos poucas informações. Outra é mexendo no rúmen do animal, seja com antibióticos ou eletrodos. Mas são formas caras e ainda inviáveis. A terceira, e mais fácil, é via alimentação. Quanto menos tempo levar para completar o ciclo do animal, menor será a emissão por kg de carne ou leite produzido”, explicou Alexandre Nascimento.

Sistemas como a ILP e a ILPF são ferramentas importantes para se intensificar o uso do solo e reduzir a pegada de carbono da pecuária.

Mas, mesmo em pastagens tradicionais, se bem manejadas, já é possível ter bons resultados. De acordo com Alexandre, um pasto bem manejado pode compensar as emissões de dois animais. Já os sistemas com presença de árvores podem compensar a emissão de até dez animais.

“Já temos todas as práticas prontas. Temos as tecnologias e devemos fazer ajustes para cada condição. Falta a adoção. E isso é uma grande oportunidade para aumentar o valor agregado da produção”, afirma Alexandre Nascimento.

O Programa ABC (2010-2020) e o Programa ABC +, lançado em 2021, foram citados como exemplos de políticas públicas brasileiras de vanguarda e de grande alcance que vem contribuindo para a adoção de práticas agropecuárias de baixa emissão de carbono no país.

Ainda como forma de estímulo à adoção de tecnologias mais sustentáveis, o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Roberto Giolo apresentou o programa Carne Carbono Neutro (CCN), cujas diretrizes foram lançadas pela Embrapa em 2015.

Ele destacou o pioneirismo da iniciativa, que foi seguida por programas nacionais de pecuária de baixa emissão de gases de efeito estufa na Costa Rica, Austrália, Nova Zelândia, Portugal, Colômbia, Uruguai e Argentina.

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Além do CCN, que já conta com certificação de propriedades e comercialização de produto em grandes centros brasileiros, ele mencionou o programa Carne Baixo Carbono, que deverá ter suas diretrizes lançadas ainda neste ano. Enquanto o CCN necessariamente tem que ter árvores no sistema produtivo, o CBC contemplará tanto sistemas ILP quanto pecuária exclusiva em pastagem bem manejada.

“A perspectiva do selo é valorizar mais o produto carne. Ao adotar os protocolos, que são monitorados pela certificadora, o produtor já vai ganhar em produtividade pela simples adoção do protocolo. Claro, há os custos com a certificação, mas há a perspectiva de valorização do produto e pagamento de um bônus pela carne que supera o custo para a certificação”, explica Giolo.

Outra vantagem, da adoção de tecnologias de baixo carbono é o acesso a linhas de crédito mais baratas, como o Programa ABC.

Porém, Roberto Giolo alertou em sua apresentação que nada adianta o produtor fazer tudo corretamente dentro da fazenda, se o setor agropecuário como um todo não se unir na cobrança do combate ao desmatamento ilegal.

De acordo com ele, todo o esforço dentro da porteira é colocado em xeque por mercados internacionais diante do problema do desmatamento, que, além de reduzir as florestas, eleva as emissões de gases de efeito estufa no Brasil.

“Os setores industriais e do petróleo, outros dois responsáveis pelas emissões brasileiras, não vão se articular contra o desmatamento, pois seus negócios não são afetados. Cabe ao setor agropecuário fazer isso. Nada adianta fazer tudo certo e continuarmos com desmatamento ilegal no país”, ressaltou.

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