Nos dias atuais, principalmente os produtores de café estão sentindo que seu negócio está a perigo com a queda dos preços de venda do seu produto, que leva 2 anos para ser produzido, e as despesas não param de crescer nesse tempo. É um sufoco.
Poucos se dão conta de que já começou o período de desenvolvimento dos cafeeiros para a florada de 2020 e a colheita de 2021. Produção por cá e preço feito por lá. Qual a saída? Mudar de ramo, vender o sítio, a fazenda, quebrar, ou procurar um novo modelo de cafeicultura com custos reduzidos?
Nessa busca incessante por um novo caminho, sem deixar sua atividade principal, foi que o Ico – Francisco dos Reis Guimarães Filho, lá de Ouro Fino (MG), em sua Fazenda Mangará, com 140 ha de área total, 90 deles ocupados com cafeeiros, em sua maioria o Catuaí 144, está produzindo café COM LUCRO, a R$ 235,00/saca.
Montanha de alto a baixo, sem mecanização tradicional, adotou a sistema de “safra zero”, há 21 anos. Plantio com cinco espaçamentos 2,5×0,80, 2,0×0,80, 2,20×0,70, 1,80×0,80 e 2,0×0,5 buscando com duas desbrotas anuais, uma primeira na entrada das águas e outra em fevereiro/março, um IAF – Índice de Área Foliar de 10.000 hastes verticais por ha.
Na adubação básica anual, o nitrogênio (N) fica por volta de 200 kg por ha, o fósforo (P) 40 kg e o potássio (K) 220 kg.
O segredo – reconhecendo que o gargalo do cultivo de cafeeiros em áreas montanhosas é o custo da colheita, com a ajuda do companheiro Valério, desenvolveu a já famosa Papa Galhos (PG). O mais importante não é a máquina, mas a sistematização das lavouras, para permitir rapidez na colheita.
Na horizontal, deixa um carreador a cada 40 metros e na vertical, tira 1 a 2 pés a cada 40 metros, ligando um carreador a outro. Dois panos de 10 metros em cada lado são facilmente deslocados para a boca da Papa Galhos. No carreador horizontal, descola a Papa Galhos tracionada por trator de baixa potência e, na vertical, desloca os panos cheios de galhos com os frutos. Para cada máquina são 8 trabalhadores. Dois deles esqueletando com costal, outros quatro puxando os panos e dois no abastecimento. O rendimento médio diário é da ordem de 45 alqueires de 60 litros por trabalhador/dia, que recebem R$ 5,00 por medida.
No final do dia, dividem o valor por oito e acabam ganhando cerca de R$ 225,00 por dia trabalhado. Todos com carteira assinada.Pouca gente, alto rendimento, todos contentes e seguros. Acredite, pratique quem quiser ou siga choramingando…
* o autor é engenheiro agrônomo, cafeicultor e consultor.