Em 2017, aos 32 anos, a publicitária e empresária Andressa Albertoni Biata, tomou uma decisão radical. Largou a vida urbana em Campinas, SP, onde comandava uma empresa de pesquisa de mercado, para assumir a gestão da Fazenda São João do Pontal, de 2.276 hectares, na pequena Alcinópolis, no norte do Mato Grosso do Sul, município com pouco mais de 5.000 habitantes, distante 379 km da capital, Campo Grande. No início do ano passado, mudou “de mala e cuia” para o Mato Grosso do Sul, calçou as botas, mergulhou na lida do campo e se “apaixonou” pela pecuária.
A história de Andressa confirma uma tendência identificada por especialistas. Segundo eles, é cada vez maior o número de mulheres que assume o comando de fazendas de pecuária, em processos de sucessão familiar. Segundo a empresa Safras & Cifras, de Pelotas, RS, que trabalha com planejamento sucessório para famílias rurais, nos anos 80 e 90, quase 100% das fazendas de pecuária eram comandadas exclusivamente por homens. Hoje, mais de 50% têm gestão compartilhada (homens e mulheres) e 10% são tocadas somente por gestoras, substantivo que define melhor as jovens que estão dando “cara nova” à pecuária.
Quem observa a médica veterinária Carine Letícia Schneider Faifer (29 anos), por exemplo, aguardando a saída da filha, Isabela, de uma escolinha infantil em Chapadão do Céu, GO, dificilmente irá imaginá-la como produtora rural. Carine integra a terceira geração de mulheres gestoras do Grupo Wink (com fazendas em GO e TO). “O lado financeiro, incluindo toda a relação com bancos, fica a cargo das mulheres da família. Eu e minha mãe controlamos o dinheiro. Autorizamos ou não pagamentos, compras e liberação de recursos”, explica Carine, que participa do grupo FAZ – Sucessoras do Agro, criado para troca de experiências e realização de projetos em prol da atividade.
No sul do País, Maria Vitória Faé Proença, com apenas 21 anos, já comanda a Fazenda Vitória, em Rio das Antas, SC (207 km a oeste da capital, Florianópolis), propriedade de 48,4 ha recebida em 2007 como herança do pai, Antonio Proença. Nestas terras, ela produz genética da sua marca “Senepol Vitória” e não esconde o orgulho de ser pioneira em seu Estado: “Os primeiros animais da raça nascidos e registrados em Santa Catarina são meus”.
A paixão pelo Senepol começou há cinco anos quando viu animais pela televisão, mas o carinho pela atividade rural vem de muito mais tempo. “Completo 22 anos agora em março e costumo dizer que a sucessão na minha família começou quando eu tinha dois anos. Com esta idade já acompanhava a lida com o gado e outros serviços na fazenda. Meu pai incentivava”, relembra.
Se você é assinante da revista ou do Portal DBO, clique aqui para ver a reportagem completa.
[videopress fGE2AFnG]