Em 2022, a produção de carne bovina dos Estados Unidos deverá sofrer recuo de 2,5%, na comparação com 2021.
Porém, as exportações norte-americanas de proteína vermelha continuarão fortes, com um crescimento entre 2% a 4% no próximo ano.
As estimativas fazem parte do novo relatório sobre setor pecuário divulgado na noite de segunda-feira (29/11) pelo Rabobank, banco com sede na Holanda, presente em 40 países, incluindo o Brasil.
Como grande produtor, consumidor, exportador e importador de carne bovina, os Estados Unidos exercem forte influência no mercado global de carne bovina, relata o banco.
Com isso, a projeção de queda na produção norte-americana resultará em maior aperto na oferta global da proteína no próximo ano, além de ocasionar algumas mudanças nos fluxos comerciais do produto, acrescentam os analistas.
Segundo o banco, após atingir o pico em 2019, o rebanho bovino norte-americano seguiu em ritmo lento de queda ao longo de 2020 e ganhou maior intensidade de 2021, impulsionado por problemas na economia e também pela estiagem nas áreas de produção.
No acumulado deste ano, os abates de vacas de cortes e de leite cresceram 10% e 2%, respectivamente, nos EUA – na média, registraram elevação de 6%.
Porém, mesmo com a queda na produção, os embarques de carne bovina dos EUA irão crescer em 2022, puxados pelas demandas dos tradicionais compradores do produto norte-americano (Japão, Coreia do Sul, México e Canadá) e também pelo crescimento dos negócios envolvendo importadores da China, destaca o banco.
Em março de 2021, os volumes para a China ultrapassaram 19.000 toneladas, o que colocou o país asiático como o terceiro maior cliente mundial dos exportadores norte-americanos.
Desde então, as vendas ao mercado chinês continuaram subindo, atingindo 29.000 toneladas exportadas em setembro.
“A oferta limitada da Austrália e interrupções no fornecimento da Argentina e do Brasil, além da crescente demanda por carne bovina de alta qualidade na China, têm sustentado esse crescimento das exportações dos Estados Unidos”, justifica o banco.“Esperamos que os volumes para a China continuem em ritmo de alta em 2022, alimentando o crescimento geral das exportações norte-americanas”, ressalta o Rabobank.
Importações – O crescimento da demanda doméstica e a contração esperada na produção de carne bovina podem resultar em aumento das importações norte-americanas de carne bovina.
No entanto, lembra o banco, a Austrália e a Nova Zelândia, dois tradicionais fornecedores de carne bovina magra aos EUA, sofrem atualmente com problemas de oferta de animais para abate.
Na Austrália, o processo de reconstrução do rebanho segue lento e a redução do abate de vacas no país ajuda a limitar o volume de exportações.
Nos primeiros nove meses de 2021, os embarques de carne bovina australiana ao mercado norte-americano caíram 44%, em relação ao mesmo período do ano passado.
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Por sua vez, a Nova Zelândia vem priorizando as vendas ao mercado da China, o que fez os embarques os EUA recuarem 5% no período de janeiro a setembro deste ano.
Em seu relatório, o Rabobank destaca ainda o avanço das compras norte-americanas de carne bovina do Brasil, que cresceram 61% nos primeiros nove meses deste ano, para 108.896 toneladas.