A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em conjunto com a consultoria internacional Roland Berger, apresentaram as tendências do comércio mundial do agronegócio brasileiro para os próximos cinco anos. O evento virtual ocorreu nesta quinta-feira (22/10).
Entre as análises, houve destaque para a relação comercial Brasil e China. Segundo a consultoria, o Brasil poderá aproveitar o cenário de forte demanda dos asiáticos pelos próximos 5 anos, principalmente para o mercado de proteína animal.
De acordo com especialistas do Ministério da Agricultura da China, somente em 2025 o país asiático deve reconquistar a autossuficiência na produção de suínos, por exemplo, impactadas pela peste suína africana (ASF, na sigla em inglês).
“A produção voltará a cerca de 54 milhões de toneladas em 2025, à medida que o número de porcas reprodutoras se recupere da Gripe Suína Africana (ASF). A partir de 2025 o consumo aumentará a um ritmo mais lento, porque a ASF dá origem a uma perda permanente de hábitos de consumo, e a população idosa, que consome menos carne per capita, está crescendo”, diz Qiang Fu, diretor da Roland Berger no país asiático, com base em informações do Ministério da Agricultura da China.
“O Brasil tem sido um grande parceiro da China por muitas décadas. Algumas commodities são muito importantes para nós e temos intensificado as importações desses produtos. Essa cooperação com o Brasil ajudou a pensar sobre a perspectiva de segurança alimentar das importações chinesas e reforçar seu posicionamento comercial. A China e o Brasil vão continuar cada vez mais juntos”, diz Qiang Fu, acrescentando que nesta década o Brasil respondeu por um terço das compras do gigante asiático.
Qiang Fu também especificou que esse é o momento do Brasil se fortalecer e se posicionar no mercado chinês, uma vez que a China está fazendo grandes acordos comerciais com outros países como, por exemplo, a Argentina, a Itália, o Cazaquistão e a Lituânia para o envio de carne de porco. “Temos mais de 25 exportadores de carne suína para a China, no qual o Brasil permanece numa posição promissora. Essa relação comercial está cada vez mais importante para os chineses”, afirma.
Em relação à carne bovina, o especialista diz que a demanda do produto pelos chineses poderá aumentar nos próximos anos, mas que esse ritmo de crescimento deverá ser menor do que o observado recentemente devido à competitividade com aves e porcos na culinária chinesa.
O encontro foi moderado pela superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, e teve a participação do presidente da CNA, João Martins, do diretor-presidente da Roland Berger no Brasil, Antônio Bernardo, e do diretor de Relações Internacionais da CNA e presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. Participaram também do evento o embaixador Mário Vilalva e o sócio global de agronegócio da consultoria, Wilhelm Uffelmann.