China é mercado garantido para os exportadores brasileiros de carne bovina, diz Rabobank

Participação ainda maior do país asiático nos embarques nacionais de carnes elevam os riscos do setor pela forte dependência desse mercado, ponderam os analistas do banco

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O imbróglio comercial com a China tende a ser resolvido no curto prazo e, a médio prazo (ao longo de 2022), o mercado chinês continuará sendo a principal mola propulsora dos embarques brasileiros de carne bovina, segundo opinião dos analistas do banco Rabobank, de origem holandesa, que divulgou nesta quarta-feira (10/11) relatório sobre “Perspectivas para o Agronegócio Brasileiro em 2022”.

“Quando olhamos para demanda chinesa no médio prazo, as expectativas são de incremento nas importações”, prevê o relatório do banco, que acrescenta: “isso porque as mudanças nos hábitos de consumo (chinês) durante o período da pandemia tem elevado a demanda de carne bovina”.


No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a China representou 45% do total embarcado pelo Brasil.

Na avaliação da instituição, com o cenário de crescimento limitado da produção local, a única alternativa da China é aumentar as compras externas da proteína vermelha.

“E nesse sentido o Brasil está bem-posicionado no mercado chinês”, ressalta o banco, acrescentando: “Espera-se aumentos de demanda (chinesa) até pelo menos 2025”. No entanto, na visão dos analistas do banco, “a participação ainda maior da China nas exportações brasileiras de carnes elevam os riscos do setor pela forte dependência desse mercado”.

No mesmo período do ano anterior, a participação foi de 42%, “mostrando que o Brasil tem se consolidado como maior fornecedor de carne bovina e conquistando ainda mais espaço”.

Ainda segundo banco, neste ano, a China se mantém como maior destino, seguidos por Hong Kong e os Estados Unidos — esses três mercados representam 63% de todas as vendas externas.

Porém, neste atual momento, o “ponto de instabilidade fica por conta da suspensão dos embarques para a China desde 4 de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos de EEB (“mal da vaca louca”).

Os dados de outubro indicam queda de 49% nos embarques totais com relação ao mês anterior, com a China reduzindo as compras em 93% no mesmo período, observa o banco.

Apesar das expectativas para o retorno em breve (das compras chinesas) sejam ainda positivas, os impactos nas quedas dos preços do boi gordo têm sido significativos.

Crescem vendas para os EUA – Segundo os analistas, novas oportunidades também podem surgir com os Estados Unidos, que nos dados até outubro aumentaram em 86% das compras do Brasil.

“As expectativas do real mais desvalorizado (sobre o dólar) pode ganhar ainda mais competitividade nesse mercado (norte-americano)”, observa o Rabobank.

De acordo com previsões do banco, devido à suspensão temporária dos embarques para a China, espera-se uma redução de 2% em volume das exportações brasileiras de carne bovina, em comparação com o ano anterior. “Para 2022, projeta-se uma ligeira recuperação de 1% nas vendas externas”.

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Mercado interno – A recuperação da economia nacional e global (puxada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19), os riscos climáticos para produção de grãos e pastagens (La Niña), novas projeções de câmbio mais desvalorizado, lançamento do novo pacote de ajuda financeira, demanda chinesa e as eleições devem guiar o mercado brasileiro de carne bovina em 2022, que tende a ser tão volátil quanto este ano, preveem os analistas do Rabobank.

Segundo dados do banco, no comparativo anual, em outubro, os preços do boi gordo e bezerro registraram valorização de 2% e 20%, respectivamente.

Especialmente em relação aos preços do bezerro, os valores atingiram o pico em abril e a partir daí só tem se desvalorizado, informa o banco.

“Houve melhora nas margens do confinamento, porém o bloqueio parcial ao mercado chinês tem reduzido os estímulos para intensificar a produção, já que boa parte do gado confinado seria para atender os requisitos de idade mínima (30 meses) do importador da China”, observa o banco.

Com relação aos preços da carne bovina no atacado, a carcaça traseira, que registrou aumentos desde o início do ano, atingiu a maior cotação em junho e depois seguiu estável até o final de setembro, quando passou a desvalorizar.

“Com o passar dos meses, a demanda interna teve ligeira melhora em comparação com o 1° trimestre, devido ao retorno do auxílio emergencial, reabertura econômica com o avanço da vacinação e melhora da competitividade com as carnes de frango e suína”, relata o banco. Porém, no comparativo anual, o consumo doméstico deve encerrar este ano com nova queda de 4% a 5%.

Rebanho em alta – Os dados mais recentes do rebanho bovino brasileiro (levantados em 2020), mostram novo aumento no efetivo de 1,5% com relação ao ano anterior – o maior plantel desde 2016.

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Considerando a projeção de nova queda na produção de 3,5% este ano, o estoque de animais deve registrar outro aumento, estimam os analistas do Rabobank.

“Dessa forma, podemos ver alguns sinais de melhora na oferta no próximo ano, principalmente no 2° semestre, a depender do comportamento dos preços do boi gordo”, relata.

Em um cenário menos otimista, estímulos para liquidação de fêmeas e redução de rebanho para diminuir os custos também podem favorecer este contexto, acrescenta.

“Esperamos que a produção de carne bovina recupere 1%,em volume no próximo ano, sustentada pelas expectativas de incremento nas importações da China e leve recuperação de 0,5% no consumo doméstico”, projeta.

Custos da ração tendem a cair – Pelo lado dos custos de produção, os custos com ração, que registraram forte escalada nos preços no ano passado, atingiram o valor máximo em fevereiro deste ano e, desde então, tem adotado tendência de queda.

“Por causa das projeções de aumento de produção, os preços das rações devem registrar valores médios inferiores ao comercializado este ano, principalmente na segunda metade de 2022”, projeta o banco.

Veja abaixo os principais riscos e oportunidades para o setor de proteína animal:

  • A Peste Suína Africana (PSA) segue ativa na Ásia, Europa e América do Norte e ainda sem perspectivas de controle nessas regiões no curto prazo;
  • Cenário de volatilidade deve continuar impactando o setor produtivo tanto do lado da oferta como da demanda;
  • Custos com ração devem ser menores no próximo ano com as expectativas de incremento na produção da atual safra de grãos;
  • Participação ainda maior da China nas exportações brasileiras de carnes elevam os riscos do setor pela forte dependência desse mercado.
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