Com peste suína, carne de cachorro volta ao cardápio chinês

Doença mudou os hábitos de consumo dos mais pobres no país

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Com a disseminação da peste suína africana na China, que dizimou o rebanho de porcos do pais, muitos habitantes locais, sobretudo os que vivem em comunidades rurais, voltaram a consumir um tradicional prato chinês – a carne de cachorro.

“O interesse pela carne de cachorro é apenas um dos efeitos colaterais da enorme escassez de carne de porco na China, o maior produtor e consumidor mundial de carne de porco”, relata reportagem publicada no site do South China Morning Post, jornal de língua inglesa de Hong Kong.


Na parte rural do condado de Wan’an, na província de Jiangxi, a carne de porco não está em “lugar nenhum”, relata a reportagem. Mesmo quando se encontra o produto em algum dos supermercados da região, os consumidores locais desistem da compra, devido aos preços exorbitantes. Numa loja situada no centro de Wan’an, diz a reportagem, o preço da carne de porco magra era negociado a 72 yuan/kg (US$ 10/kg), enquanto a costela de porco custava 74 yuan/kg (US$ 10,50/kg) – mais que o dobro do valor cobrado há um ano.

Dada a relutância dos consumidores em comprar carne de porco a esse preço, o supermercado promove a venda do coelho, negociado a 43,6 yuanes/kg (US$ 6,50/kg), preço quase dois dólares mais barato do que o habitual.

Ações governamentais

Diante do desastre ocasionado pela peste suína africana, o governo chinês instituiu medidas emergenciais para aumentar a oferta de carne suína, dando apoio financeiro aos produtores locais, além de elevar consideravelmente as importações desta proteína. Nos primeiros nove meses deste ano, as compras externas de carne suína da China aumentaram quase 45%, para 1,32 milhão de toneladas, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a reportagem.

No entanto, a demanda chinesa pela carne de porco é tão grande que nem mesmo a oferta global será capaz de preencher a lacuna, ressalta o jornal de Hong Kong, acrescentando que, por muito tempo, a proteína será considerada um “produto de luxo” em comunidades chinesas como a de Wan’na.

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