As técnicas de irrigação são milenares. Datam do Antigo Egito e Mesopotâmia, 3.000 anos antes de Cristo. Naquela época como hoje, os produtores enfrentavam o mesmo desafio: administrar bem a água para produção de alimentos. Com a difusão da irrigação em pastagens, o bom manejo dos recursos hídricos se tornou imperativo na pecuária. Não basta simplesmente “economizar” água, é preciso evitar desperdícios por meio do planejamento correto dos projetos, que devem ser montados a partir de análise das condições climáticas da região, das demandas da planta (capim) e da capacidade de armazenamento hídrico do solo, visando uma maior produtividade e o uso cada vez mais racional dos insumos. Isso sem falar da rede energia elétrica, “coração” do sistema, que bombeia a água e lembra, diariamente, ao produtor, que levá-la à torneira ou aos equipamentos de irrigação tem um custo, que será ainda maior quando o governo começar a cobrar pelo uso desse recurso natural.
Segundo Luís César Dias Drumond, especialista em nutrirrigação e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), essa “regalia” (água de graça) deve acabar dentro de no máximo cinco anos. Mais um motivo para o produtor fazer um manejo racional da irrigação de pastagens, maximizando a produção e minimizando custos, por meio de projetos mais eficientes. “Acho que a cobrança pode trazer ônus para o orçamento, mas, quem sabe, também incentivará os produtores a revisar seus sistemas hidráulicos a cada três anos, se conscientizando quanto ao valor econômico, social e ambiental da água, que deve ser bem usada, como a energia e os insumos”, afirma.
DBO apresenta, nesta reportagem, que abre o Especial de Pastagens, dois exemplos de projetos que já têm essa consciência: o da JBJ, em Aruanã, GO, e o de Antônio Augusto Athayde Júnior, proprietário das Fazendas Rio Verde, em São João da Ponte, e Planalto, em Capitão Enéas, ambas no Norte Mineiro. Os dois projetos irrigam pastagens com pivôs e se preocupam com o uso racional da água. Segundo o professor Luís Drumond, é fundamental fazer contas para saber quanto se produz de carne com 1 mm de água, com 1 kg de adubo e com 1 kWh.“Na universidade, estamos estudando esses parâmetros”, afirma. Os produtores mencionados nesta reportagem ainda não atingiram esse nível de detalhamento, mas monitoram regularmente seu sistema, o que já é um grande avanço. Começaremos pelo projeto mineiro, onde o conceito de uso racional da água se tornou uma questão de sobrevivência.