Por Sérgio Saud
Entre os pontos mais importantes a serem observados na implantação de um programa de inseminação artificial estão: o manejo adequado da propriedade e do rebanho, a capacitação do inseminador, o nível de fertilidade do rebanho e a qualidade do sêmen utilizado.
O primeiro e mais importante passo é contar com a orientação de um técnico, que vai montar o programa e capacitar a equipe da fazenda sobre a importância da observação de cios, dos horários da inseminação, os cuidados no manuseio, descongelamento e aplicação do sêmen. Além do técnico, o inseminador é peça fundamental. Os resultados do trabalho dependem em grande parte de sua habilidade e de sua responsabilidade profissional. De um modo geral, o bom profissional que gosta da lida com os animais, calmo, educado e comprometido em fazer o melhor desempenha bem a função de inseminador.
Para aqueles que estão pensando “Onde vou conseguir um funcionário assim? ”, saibam que, atualmente, já existem empresas de médicos veterinários especializadas em reprodução e melhoramento genético que prestam toda a assistência necessária para o criador. Além disso, todas as empresas que comercializam sêmen, filiadas à Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial), dão suporte técnico de qualidade àqueles criadores que querem implantar um programa de IA com sucesso e oferecem cursos de IA para capacitação dos funcionários da fazenda.
O próximo passo é em relação ao rebanho. Deve-se identificar todas as fêmeas em idade reprodutiva e, com o auxílio de um técnico, fazer uma avaliação ginecológica para prepará-las para a entrada no programa de IA. Fêmeas paridas há mais de 45 dias já podem ser inseminadas e caso não manifestem cio até 60 dias pós-parto, devem ser avaliadas por um veterinário. Assim como os casos de fêmeas com cios irregulares, com corrimento vaginal, repetidoras de cio e demais reses que não estejam com seu ciclo normal. Uma fêmea produtiva e lucrativa deve ter um bezerro ao pé e outro no ventre. Se não for assim, a rentabilidade da fazenda estará comprometida. Ai, está um dos principais benefícios da IA: fazer com que todas as fêmeas da fazenda emprenhem e produzam mais leite.
Outro ponto extremamente importante diz respeito ao manejo sanitário da propriedade. A vacinação evita o aparecimento de diversas doenças e os exames preventivos identificam os animais suspeitos e doentes, orientando o tratamento ou descarte. Da mesma forma, boas pastagens, sombreadas e de dimensões adequadas, suplementação mineral adequada durante todo o ano em cochos cobertos, aguadas de boa qualidade, suplementação na seca asseguram ao rebanho bons níveis de produção de leite, ganho de peso e fertilidade.
Também, é muito importante a separação dos animais em lotes de acordo com sua categoria e que todas as fêmeas possuam identificação individual. Cada uma deve ter ficha, onde devem ser anotadas todas as ocorrências. Através delas o criador pode identificar facilmente os animais mais produtivos e os animais com problemas. Atualmente, existem programas de computador e até aplicativos de celular que facilitam, enormemente, o controle e a gestão do rebanho.
Um bom programa de IA não requer instalações sofisticadas. Pode-se implantar com o básico: um brete de contenção ou canzil coberto, um cômodo para guardar os materiais de IA nas proximidades e uma pia com água corrente.
Todo o material de inseminação deve ser manuseado na sombra. O local deve ser coberto para evitar raios solares e água da chuva, prejudiciais aos espermatozoides. Na maioria das fazendas uma simples adaptação nas instalações já existentes é suficiente para torná-las adequadas.
(Adaptado do Manual de Inseminação Artificial em Bovinos – ASBIA – Ed. 2016)
Powered by DBO Ads Pro