As plantas frigoríficas nos Estados Unidos e Europa fecharam as portas temporariamente devido aos surtos do novo coronavírus. Nacionalmente, os frigoríficos tomaram medidas preventivas de combate ao Covid-19.
No cenário brasileiro, com o gado engordado a pasto e abatedouros menores distribuídos, o risco de impacto pelo fechamento de frigoríficos ou redução da capacidade operacional são menores.
Entretanto, há o risco desses locais se tornarem epicentros de surtos em cidades do interior, como o que acontece, atualmente, no município de Guia Lopes da Laguna, em Mato Grosso do Sul. A cidade com pouco mais de 10 mil habitantes no interior do Estado registra mais de 100 casos confirmados de contaminação.
De acordo com relatos, a contaminação começou no frigorífico, no contato entre o funcionário responsável pelo embarque e o caminhoneiro responsável pelo transporte. O funcionário testou positivo e alertou a direção do frigorífico, que testou e confirmou o contágio em outros empregados e, por isso, decidiu suspender as atividades por pelo menos 15 dias, a partir de 8 de maio.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) passou então a fiscalizar as condições de trabalho considerando a pandemia, e avaliará 61 das 446 unidades de processamento de bovinos, aves e suínos em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins, Santa Catarina, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A situação mais grave registrada até o momento é no Rio Grande do Sul, onde das cinco cidades com mais casos de coronavírus, três têm frigoríficos.
O risco de desabastecimento por carne bovina pode também advir por substituição, se o impacto sobre o abate de aves e suínos aumentar, ou por aumento da demanda do mercado externo, se a queda de produção nos países importadores for maior. Mas, ao que parece, os efeitos tanto de um quanto de outro são temporários.
Cabe salientar que a demanda por carne bovina no mercado interno encontra-se desaquecida devido à crise econômica, e muitos frigoríficos já operam cotidianamente com ociosidade, girando em torno de 40%.
Dessa forma, com menor demanda interna, rebanho a pasto, ociosidade de plantas e uso de menores, o risco de desabastecimento cai. Contudo, o avanço da propagação da pandemia pelo interior do País, exige adequações, que elevam a sanidade da carne bovina produzida.