Por Antonio Sechis, pecuarista , mentor e criador do conceito de carne Beef Passion
Ao pensarmos sobre o consumo consciente temos de ponderar alguns pré-requisitos importantes que envolvem a cadeia produtiva de carne. Sabemos que os animais são seres sencientes – termo usado para designar a a capacidade dos seres de sentir sensações – originados do meio natural, em um ecossistema cuja biodiversidade local é composta por uma fauna e flora regionais que necessitam estar equilibradas com a permanência dos animais, e esses harmonizados com o contexto, com a sua totalidade.
O homem com sua visão integral, responsável pela produção, necessita olhar para esse sistema e verificar qual a melhor possibilidade de equilíbrio ao implantar um método de produção no qual se possa extrair a melhor essência do produto.
Quando pretendemos extrair a melhor essência de um boi, precisamos olhar para esse animal e identificar as suas necessidades nutricionais e o seu bem estar, pois eles, como seres sencientes demandam por conforto, principalmente em relação à sua subjetividade.
Aprofundando um pouco mais na expectativa do consumidor consciente e exigente, temos de olhar mais à miúde para a qualidade nutricional da carne, a sustentabilidade da produção, a equação de carbono da produção e no bem-estar animal (BEA), desde o nascimento até a insensibilização no processo de abate.
Acredito que “bem-estar pleno de um ser senciente é o seu estado em relação às suas tentativas de se adaptar ao ambiente, no melhor conforto à sua objetividade e subjetividade”. Essa crença é a mesma que consta em um artigo do professor norte-americano, Donald M.Broom, que li no curso de pós-graduação em BEA. Ou seja, os animais devem fazer uma boa conexão emocional onde vivem.
Ao refletirmos sobre a definição acima – como consequência do tratamento dado aos animais de produção – o BEA se torna uma característica intrínseca do produto que eles, os bovinos, originam. Isso não depende do local de criação dos animais – sejam em pastagens ou confinados –, mas sim correspondente a uma questão de qualidade de vida dos animais e do produto originado. Por isso, a carne bovina não pode ter somente um valor tangível, mas também um valor não tangível. E que seja ético. A ética, penso, talvez possa ser a maior relevância na produção de alimento.
Acredito, ainda, que a demanda por produtos diferenciados de BEA tende a crescer no mundo à medida que aumentam as informações, a consciência e a percepção do consumidor em relação à produção animal. Nos países em que a renda per capita é maior, o consumidor é mais exigente e detém melhor nível de consciência, levando a uma maior aceitação dos produtos de BEA. E credito, também, que o consumidor brasileiro caminha para essa preferência, ainda mais quando o produto possui tantas características nutricionais qualitativas, além de ser cativante ao paladar.
Antonio Sechis é pecuarista , mentor e criador do conceito de carne Beef Passion