“O extremismo anti-carne vermelha” pode ter surgido recentemente nas manchetes, mas não há uma onda de consumidores se voltando para o veganismo. Pelo menos é o que diz uma pesquisa com consumidores da Austrália, realizada pela Meat & Livestock Australia (MLA) e divulgada pelo portal Beef Central.
Quase que diariamente, os veículos de notícias espalhados pelo mundo são bombardeados com informações sobre o “mundo dos hambúrgueres veganos/vegetarianos” – entre outros produtos feitos à base de plantas e/ou produzidos em laboratórios, a partir de células de animas (os chamados “frankenmeat”, apelido que faz alusão ao famoso personagem literário Frankenstein).
Recentemente, a Beyond Meat, que produz um hambúrguer de ervilha – procurando imitar o sabor e a textura do convencional hambúrguer de carne bovina – abriu capital na Bolsa de Nova York, atraindo grande interesse dos investidores.
No mês passado, a rede de fast food Burger King incorporou em seu cardápio a versão vegetal de seu hambúrguer Whopper, o Impossible Whopper, desenvolvido pela startup Impossible Foods.
O “hambúrguer verde” da Burger King começou a ser vendido em 59 lojas em St. Louis e, até o fim deste ano, alcançará mais de 7 mil pontos de venda nos Estados Unidos.
Reportagem do jornal Valor Econômico desta terça-feira também mostra que a mania vegetarina/vegana começa a ganhar mais força também no Brasil. A matéria informa que a Seara, marca hoje pertencente à JBS, começará a produzir no mês que vem um hambúrguer de proteína de soja.
A BRF, dona das tradicionais marcas Sadia e Perdigão, relevou ao Valor que, no momento, estuda parcerias para desenvolver um produto baseado em proteínas alternativas, apontando como eventual opção o caminho pela carne sintética, produzida em laboratório, um setor já explorado lá fora duas gigantes do agronegócio, as norte-americanas Cargill e Tyson Foods.
A pesquisa
Os dados da MLA mostram que 93% dos consumidores australianos acreditam que os produtores são responsáveis pela proteção de suas terras. “De fato, tem havido uma forte demonstração de apoio da comunidade aos pecuaristas locais atingidos por ações ilegais e invasivas de extremistas veganos”, reforça texto da Beef Central.
O gerente de marketing da MLA, Graeme Yardy, disse que os consumidores australianos têm uma percepção positiva sobre segurança alimentar, padrões e regulamentação em relação à indústria de carne vermelha da Austrália. “Isso é um testemunho do trabalho da grande maioria dos produtores, que fazem a coisa certa”, disse ele.
Segundo a pesquisa, nos últimos três anos, o número de consumidores australianos que se identificam como “veganos” ou “vegetarianos” permaneceu estável em 7% e, desses, 9% ocasionalmente comem carne. Ao mesmo tempo, 15% dos consumidores que hoje comem carnes de origem animal foram vegetarianos no passado – ou seja, há uma alta taxa de retorno ao consumo de carne vermelha. “A mensagem principal é: não há grande onda de pessoas se afastando das carnes”, ressaltou Graeme.