Começou hoje, e vai até o dia 13 de dezembro, em Madri, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-25), realizada a cada ano por um dos signatários do Acordo de Paris, assinado em 2015. Estão reunidos na capital espanhola cerca de 29 mil pessoas de 200 nações. Inicialmente, o evento seria realizado no Brasil. No final do ano passado, antes mesmo de assumir o cargo, o presidente Jair Bolsonaro descartou a possibilidade. O governo do Chile, então, encampou a COP-25, mas, por conta das manifestações sociais dos últimos meses ela foi transferida para a Espanha.
Com o slogan Time for Action (Hora da Ação, na tradução do inglês), a Organização das Nações Unidas (ONU) pretende discutir como intensificar a agenda climática assinada em 2015. A agenda do encontro de Madri deve colocar no centro dos debates os mais recentes incêndios florestais, como os ocorridos na Amazônia e na Austrália e demais regiões tropicais, além dos furacões e das enchentes.
De acordo com a ONU, eventos climáticos extremos estão ligados à ação do homem, com estudos comprovando os fatos. “Talvez o mundo não esteja se movendo no ritmo que gostaríamos”, disse Michael Kurtyka, ministro da Polônia, país que sediou a COP-24 em dezembro do ano passado e a quem coube a abertura da COP-25, conforme a agência Reuters.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participa do encontro com uma tarefa bastante difícil: mostra que o Brasil tem se esforçado para cumprir as metas do Acordo de Paris. Mas o País está sob pressão mundial, depois das recentes queimadas na Amazônia, a maior em uma década. A Amazônia perdeu 9,7 mil quilômetros quadrados de vegetação entre agosto de 2018 e julho de 2019, segundo os dados de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A área foi 30% maior que no mesmo período anterior.
O ministro, que chefia a delegação brasileira, quer discutir propostas que facilitem o financiamento estrangeiro em projetos de meio ambiente previstos no artigo 6 do Acordo de Paris. Especialmente à parte que se refere ao pagamento por serviços ambientais, no caso os “créditos de carbono”.
O tema foi colocado em pauta em setembro, quando Salles participou de um encontro convocado para Nova York, pelo português António Guterres, secretário-geral da ONU. Na ocasião, cerca de 60 líderes estiveram na chamada Cúpula de Ação Climática, uma preparação para a COP-25. O Brasil quer uma definição de como funcionará um fundo de US$ 100 bilhões, destinados aos países emergentes e que entra em vigor a partir de 2020. O foco é financiar ações de preservação ambiental.
Entenda o Acordo de Paris
- O Acordo de Paris, assinado em 2015, estabelece que todos os países signatários desenvolvam planos de redução das emissões de gases de efeito estufa.
- Os planos dos cerca de 200 signatários deve levar o planeta a ações que não excedam o aumento da temperatura global em 2 graus Celsios, mantendo o aquecimento até 1,5% acima dos níveis da era pré-industrial
- Aumentos acima de 3 graus poderiam desencadear sérios impactos na vida humana e na natureza, de acordo com os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização científico-política criada em 1988 no âmbito da ONU
- O Acordo de Paris estabelece que a cada cinco anos os países devem rever para cima seus planos de corte de emissões. A primeira revisão será em 2020.