Cuidados com bezerros no pré parto crie bem
CONTEUDO EXCLUSIVO


Checklist de vacinação!

O médico veterinário Marcus Rezende explica como se preparar para fazer a vacinação contra a febre aftosa.


Cuidado, sua vacina pode estragar!

Condições inadequadas de transporte, armazenagem e manuseio diminuem a eficácia e até inativam o medicamento.

Matéria publicada na Revista DBO edição de agosto de 2015

Aplicar uma vacina na dose certa pode não ser suficiente para garantir proteção ao bovino. Compostas por agentes que induzem a resposta imune no animal (bactérias, vírus atenuados ou inativos), além de componentes como líquido de suspensão e adjuvantes, as vacinas são sensíveis à luz, ao calor e ao frio extremo. Altas temperaturas, por exemplo, matam os organismos de uma vacina viva atenuada, como a da brucelose, inutilizando-a. O congelamento, por sua vez, é capaz de, mesmo por poucos segundos, estragar uma vacina inativa, como a antirrábica. “O congelamento pode alterar a emulsão da vacina (separando a parte líquida da oleosa), o que compromete a resposta imune, além de causar reações locais”, explica o diretor técnico Marcus Rezende, da área de Saúde Animal da Ourofino. 

Na geladeira, as vacinas devem ser armazenadas entre 2 e 8 graus Celsius, evitando-se encostá-las na parede do fundo, pois podem congelar. “Também não é recomendável guardá-las na porta da geladeira, por causa do risco de oscilação de temperatura, provocada pelo ato frequente de abrir e fechar o equipamento”, explica o gerente de Capacitação Técnica da MSD Saúde Animal, Sebastião Faria. O correto é que as vacinas fiquem em um local com livre circulação do ar refrigerado. Da mesma forma, o transporte do produto até o local de vacinação requer atenção. Em localidades nas quais o acesso é difícil e demora-se mais tempo para chegar, como as fazendas no interior do Pantanal, uma boa opção para transportar os frascos são as caixas isotérmicas. “De preferência imersas em gelo reciclável (gel), que conserva a temperatura por mais tempo”, orienta Faria. 

Transporte correto No dia marcado para a vacinação, o produtor deve se certificar de que há gelo suficiente para a quantidade de vacina que se vai usar. Antes de retirar os frascos da geladeira, é fundamental que se forre o fundo da caixa com uma camada de gelo, para somente então acondicioná-los no recipiente e cobri-los com uma segunda camada, apresentando espessura de três dedos (5 centímetros). Rezende, da Ourofino, explica que o preenchimento da caixa deve ser feito intercalando vacinas e gelo. “Se o produtor colocar todos os frascos e depois encher a caixa com uma cobertura espessa de gelo a vacina pode congelar”, explica. 

Outra recomendação feita pelo técnico é que o produtor leve sempre para o curral uma caixa contendo gelo extra. “Imagine um manejo de vacinação que dure o dia inteiro. Com o abre e fecha da caixa para pegar os frascos o gelo vai derretendo.” O modo mais fácil e prático de aplicar a vacina é por via subcutânea, na tábua do pescoço, puxando a pele com o animal devidamente imobilizado. Recomenda-se para esse tipo de aplicação agulhas com comprimento de 10 x 1,5 mm, 15 x 1,5 mm ou 15 x 1mm. É importante que o produtor se certifique de que a agulha seja nova e esteja com a ponta afiada e íntegra, pois, assim, ao retirá-la do animal após a aplicação da dose, o corte em bisel (em sentido transversal) se “fecha”, como se fosse uma tampa. “Se estiver cega ou rombuda, a agulha não corta, mas perfura a pele, deixando uma porta de entrada para contaminantes e sujidades. É a causa de muitos abcessos”, explica o veterinário.

A exemplo do gelo, o produtor deve providenciar, para o dia da vacinação, uma quantidade de agulhas compatível com o número de animais que pretende vacinar. “O ideal é trocá-las a cada dez aplicações e colocá-las num recipiente para desinfetá-las em uma solução encontrada no comércio, como produtos à base de amônia quaternária ou hipoclorito”, orienta Rezende. Soluções de iodo devem ser evitadas, pois corroem e “cegam” a ponta da agulha. O veterinário lembra ainda que, ao contrário do que a maioria imagina, agulhas têm prazo de validade. “Uma agulha serve para vacinar aproximadamente 200 animais. Depois, a ponta fica cega e rombuda e deve ser descartada em local adequado.”


Pistola calibrada, prevenção garantida.

Manutenção do equipamento garante regulagem correta e sucesso na hora de aplicar vacinas e vermífugos

Matéria publicada na Revista DBO edição de maio de 2012

Aplicação de uma vacina e/ou vermífugo pode ter o resultado comprometido caso a pistola automática, também conhecida como seringa Revolver, instrumento normalmente utilizado para este fim, esteja desregulada. Segundo Ruy Padula, gestor em agropecuária, é comum encontrar equipamentos cujo volume líquido indicado na graduação não corresponda ao que efetivamente é aplicado no animal. “Em uma das fazendas que visitei, a seringa estava regulada para aplicar uma dosagem de 5 ml de vacina contra aftosa, mas quando fiz a aferição descobri que ela injetava apenas de 3 a 4 ml do produto”, diz. 

Segundo ele, o problema é decorrente da falta de cuidado com esse tipo de equipamento na fazenda. “São seringas com pelo menos cinco anos de uso, que não passaram por qualquer tipo de manutenção”. Para prevenir-se de problemas com seringas desreguladas, antes de iniciar o manejo de vacinação ou vermifugação, Padula transfere o líquido da pistola para uma seringa descartável afim de verificar se o volume é correspondente. “Assim evito aplicar menos medicamento do que está previsto”, diz. 

De acordo com Thales Vechiato, médico veterinário e diretor técnico da Ourofino, há uma série de problemas decorrentes da subdosagem. “No caso de vacina, o animal pode não ficar protegido satisfatoriamente. Se for um vermífugo, além da possibilidade do tratamento não funcionar, uma dosagem menor contribui para aumentar a resistência dos helmintos ao medicamento”, diz. A saída é cuidar bem da seringa. “A manutenção de uma pistola é muito simples, e deve ser feita antes e ao final do manejo de vacinação ou vermifugação”, diz Luiz Antônio Trevellin Neto, gerente nacional de vendas da Hoppner, fabricante de equipamentos veterinários. 

Segundo ele, a primeira providência antes de utilizar o equipamento é rosquear o botão empurrador para dar pressão na vedação. Em seguida empurra-se o êmbulo (eixo) de três a quatro vezes para retirar todo o ar de dentro da pistola. “Só depois é que deve-se começar a enchê-la, devagar, de forma a impedir a entrada de ar enquanto é abastecida com o medicamento”, diz. Recomenda-se ainda que o produtor esterilize a agulha em água quente após dez aplicações e verifique se a sua ponta está rombuda (gasta) ou dobrada. “Nestes casos o correto é descartá-la para que não provoque ferimentos nos animais no momento da aplicação”, diz. 

Ao término da operação a pistola deve ser desmontada, com a retirada do corpo de vidro, corpo metálico, do luer lock (suporte de agulha) e dos eixos interno e externo (graduado). O gatilho e o punho não precisam ser desmontados, apenas lavados internamente. Em seguida as peças devem ser lavadas com detergente neutro para retirada de substâncias residuais e sujeira. Após o enxague os componentes são imersos em um recipiente com água limpa e fervente por, no máximo, dez minutos e posteriormente levados a um local limpo para secagem, de preferência expostos ao sol. Antes da remontagem da pistola, que deve ser guardada em local seco, recomenda-se aplicar uma gota de um óleo lubrificante específico, para que as borrachas permaneçam com uma camada protetora. 

No entanto, como a maioria dos produtores não costuma realizar estes procedimentos, Trevellin recomenda que ao menos seja feita a troca das vedações. “Os medicamentos agridem a borracha e fazem com que elas inchem, dificultando a retirada do ar e contribuindo, desta forma, para subdosagens, além de endurecer o gatilho, o que atrapalha o manejo”. Segundo ele, as borrachas de vedação custam em torno de R$ 7. Não há um tempo de vida útil estipulado para as pistolas. Se a manutenção for realizada regularmente, o produtor não precisa se preocupar com a troca de equipamento. “Fazemos a manutenção de pistolas que estão em uso há 30, 40 anos”, finaliza.

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