Ilustração: Edgar Pera
Bezerros mais pesados, com melhor qualidade, porém mais caros para os terminadores
Um interessante artigo assinado pela analista de mercado Mariane Crespolini, publicado nesta sexta-feira no site da Scot Consultoria, aponta, em detalhes numéricos, a evolução dos preços bezerro ao longo dos últimos anos, e sua relação de troca com boi gordo, além da questão da qualidade dos animais negociados ainda jovens.
A conclusão, muito bem embasada pela analista, é de que a tendência histórica aponta para bezerros cada vez mais pesados e de melhor qualidade.
No entanto, considerando o comportamento do mercado nas últimas quase duas décadas, a tendência para o bezerro é de preços mais altos pagos pelos recriadores/invernistas, tanto por perna, quanto por quilo.
“Quando analisado este fenômeno com o comportamento do preço da arroba do boi gordo, podemos ver, claramente, uma redução no poder de compra do terminador: menos bezerros comprados com a venda de boi gordo”, conclui o artigo.
Valor do bezerro acumula queda de 4,5% em março
O mercado de reposição parece ter reagido mal ao período de paralisação dos negócios durante o Carnaval e fechou a quinta-feira com preços inferiores aos do fim de fevereiro.
O Indicador Bezerro Esalq (animal Nelore, de 8 a 12 meses) terminou cotado a R$ 1.217.43, na praça do Mato Grosso do Sul, com desvalorização diária de 2,4% sobre o valor registrado na quarta-feira, de R$ 1.245,37, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Na comparação com o valor do indicador registrado em 28 de fevereiro (R$ 1.274,13), o preço atual apresenta de 4,5%.
Em comparação ao preço de 28 de dezembro de 2018 (último dia útil do ano), de R$ 1.225,47, o indicador apresenta certa estabilidade (ligeira queda de 0,6%).
Cotação do boi gordo confirma tendência altista e registra elevação diária de quase 1% na praça paulista
O Indicador Esalq/B3 do boi gordo subiu 0,70% na quinta-feira, para R$ 151,35 (valor à vista, em São Paulo), em relação ao valor do dia anterior (R$ 150,30), confirmando a expectativa de analistas de aquecimento nos preços neste início de março, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
No acumulado do ano, porém, a arroba do boi gorda apresenta desvalorização de 1,3% na praça paulista, em comparação ao valor registrado no último dia útil de dezembro (R$ 153,40).
Segundo boletim desta sexta-feira da Scot Consultoria, na maioria das praças pesquisadas, o primeiro dia efetivo de negociação no mercado do boi gordo pós-Quarta-Feira de Cinzas acompanhou o esperado para o período: calmaria nos negócios.
No entanto, relata a consultoria, as expectativas são de um mercado do boi gordo positivo, já que o intervalo dos abates/negociações dos últimos dias encurtou as escalas de abates – as programações dos frigoríficos paulistas atendem, em média, a três dias.
“Com os estoques mais enxutos de carne bovina, a expectativa é que a pressão de compra das indústrias aumente, o que poderá gerar preços maiores para a arroba em curto prazo”, prevê.
Descontada a inflação, preços do boi recuam 2,6% em fevereiro no comparativo anual, informa o Cepea.
Os preços do boi gordo oscilaram ao longo de fevereiro entre R$ 148,50 e R$ 152,75, fechando o mês a R$ 150,20, queda acumulada de 2%, informa o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Quando considerada a média do mês, o Indicador do boi gordo Esalq/B3 foi de R$ 150,38, com baixa de 1,2% em relação ao mês anterior e 2,6% menor do de fevereiro do ano passado, em termos reais (valores deflacionados por IGP-DI de janeiro).
“No geral, ainda que a demanda por animais para exportação estivesse um pouco mais aquecida ao longo de fevereiro, a típica procura doméstica enfraquecida em início de ano (por conta dos gastos extras deste período) limitou aumentos nos preços da arroba no mês”, afirmaram pesquisadores do Cepea.
Além disso, a oferta de animais superior à demanda em alguns períodos fevereiro também reforçou o movimento pontual de queda nos preços.