Dor na alma

Em artigo, ex-diretor-geral do IAC alerta para a redução dos investimentos em pesquisa no país

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Nos últimos quinze anos, depois de aposentado no Instituto Agronômico (IAC-Campinas), juntamente com meus colegas da Conplant e outros profissionais, organizamos duas vezes por ano o curso “Manejo de Nutrientes em Cultivo Protegido”, uma demanda das empresas ligadas a esse ramo do agronegócio que vem crescendo de forma contínua no país e envolve grande cadeia de insumos, produção e mercado de mudas, flores, hortaliças e frutíferas.

Já passaram pelos 26 cursos mais de mil profissionais que, nas suas atividades, são responsáveis pelo manejo da irrigação, controle ambiental, fertirrigação e sistemas de produção. Esses sistemas, altamente sofisticados, exigem conhecimentos dos agrônomos, técnicos agrícolas e outros profissionais sendo que, normalmente, não são encontrados nas escolas. Não existe curso específico para cultivo protegido nas faculdades de agronomia, nem mesmo nas mais famosas.


Bem, mas isso não é o objetivo dessa nota. A origem e a continuidade é o que mais interessa.

Vamos voltar um pouco no tempo, quanto ainda na direção do IAC começamos, na última década do século passado, a desenvolver métodos de análise e interpretação de substratos para plantas. Deixamos um laboratório em pleno funcionamento que hoje é referência nacional e foi suporte para o desenvolvimento legal do MAPA, felizmente ainda em operação.

Todos os anos nosso curso é realizado nas dependências do IAC em Campinas, onde uma das aulas práticas é feita nesse laboratório. Nesses quinze anos, fui responsável pessoalmente por acompanhar os alunos até o local. Fiz isso sempre com muito orgulho, pois vivi e participei por longo tempo de um dos mais fantásticos grupos de pesquisa da ciência do solo alojado no edifício Dom Pedro II, nome dado em homenagem ao fundador da instituição.

Nesses últimos quinze anos, ao acompanhar os participantes dos cursos, experimentei intimamente um sentimento de contínua desaceleração de entusiasmo em mostrar o que orgulhosamente construímos nos tempos passados. A ausência de ex-companheiros de trabalho e a presença reduzida, tanto de pesquisadores como de pessoal técnico de apoio, trazem a sensação de um esvaziamento irreversível.

A decantada glória do agronegócio brasileiro parece ter vida curta quando não existe mais a percepção da necessidade básica de desenvolvimento tecnológico para novos avanços. A competição de outros países que tiveram essa percepção em breve chegará ao nosso mundo.

Não é possível que a avassaladora visão limitada aos investimentos privados continue dilapidando a honra e dignidade dos ancestrais administradores públicos que conseguiam enxergar o bem estar das gerações futuras muito além do mandato transitório de governante.

Pesquisa não se faz com supérfluas propostas reducionistas, mas com instituições sólidas, pesquisadores e técnicos capazes de alterar a rota da continuidade e criar novas oportunidades.

Infelizmente, não é isso que tem ocorrido com as instituições de pesquisa de São Paulo, incluindo o centenário IAC, responsáveis pela pujança do agronegócio paulista.

Um pouco de reflexão para voltar ao tema original. A cada ano levando pessoas novas a um lugar que deveria ser um templo moderno de pesquisa, de desenvolvimento, de novos campos de apoio ao agricultor, ao invés de ostentar e mostrar com orgulho aquele passado e a projeção de futuro, o que nos move é uma intensa dor na alma.

Apesar de tudo, vamos em frente. Desistir jamais.

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