Testes com aeronaves visam facilitar o controle biológico dos parasitas, vetores de importantes doenças do gado
Por Bianca Bosso
Ícones da “Pecuária 4.0”, os drones estão cada vez mais presentes nas fazendas brasileiras, executando diversas tarefas, incluindo a pulverização de produtos como herbicidas e inseticidas. O Instituto Biológico (IB) de São Paulo, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), está avaliando, por exemplo, a eficiência desses veículos aéreos não tripulados para pulverizar bioinseticidas à base do fungo Metarhizium anisopliae (cepa IBCB 425) em dois inimigos terríveis do gado e do homem: os carrapatos das espécies Boophilus microplus (que ataca o boi ) e o Amblyomma cajennense, mais conhecido como estrela.
Segundo levantamento realizado pela Embrapa, o carrapato-do-boi é o principal exoparasita encontrado nas fazendas de pecuária de corte brasileiras. Ele provoca perda de apetite, bicheiras, redução no ganho de peso, enfim, reduz a produtividade de carne e leite nos bovinos. Além disso, causa danos ao couro e é vetor de diversas doenças que podem levar os animais à morte.
Considerando-se a queda na produção e os gastos com mão de obra, os carrapatos causam à pecuária nacional prejuízos de mais de US$ 3 bilhões/ano. Já o Amblyomma cajennense ataca principalmente capivaras, mas também pode infestar equinos e bovinos. Essa espécie é vetora da bactéria Rickettsia rickettsii, que, quando em contato com seres humanos, causa a febre maculosa, doença que pode levar à morte. Somente no Estado de São Paulo, foram registrados 823 casos entre 2007 e 2019, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net)
Fase final de testes
Diante de inimigos tão terríveis, os pesquisadores do IB decidiram testar novas tecnologias, como o bioinseticida à base de Metarhizium anisopliae IBCB 425 (que tem baixo impacto ambiental) e avaliar a eficácia dos drones no combate a esses parasitas, por meio da pulverização de áreas de pastagens (o que normalmente não se faz na pecuária; o usual é tratar apenas o animal), praças públicas, parques e gramados com registro de infestação dos parasitas, no caso do carrapato estrela, com risco para a população. “O drone foi selecionado para desempenhar essa função porque conseguem fazer aplicações mais pontuais, cobrindo todo o perímetro”, explica a pesquisadora Márcia Mendes, que está conduzindo o experimento, junto com seus colegas do IB, Fernanda Calvo Duarte e Leonardo Costa Fiorini.