Edição gênica de pastagem entra no radar da pesquisa privada

Após grandes avanços com marcadores moleculares, o futuro da Barenbrug está em aplicar técnica revolucionária para acelerar o melhoramento genético de forrageiras

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Após o lançamento das duas variedades de pastagens do gênero Brachiaria, a Cayana e Sabiá, que contaram com uso de tecnologias de marcadores moleculares para o seu desenvolvimento, a holandesa Barenbrug, uma das grandes melhoradoras da pastagem e gramíneas no mundo, está de olho em uma nova tecnologia para acelerar o melhoramento genético dessas plantas.

A técnica em questão é a edição de genes, conhecida por sua sigla CRISPR. O termo vem do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, que na tradução literal significa Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas. Trocando em miúdos, os cientistas descobriram um jeito de editar os genes de um organismo com a ação de algumas bactérias. A técnica comprovou que certas espécies de bactérias fazem uma tarefa de “corta e cola”, com grande maestria, “excluindo” genes indesejáveis e melhorando o código genético de uma planta ou de um animal.


“A tecnologia CRISPR é interessante e já temos vários programas de melhoramento a partir dela, mas nada com brachiaria, ainda. É, sem dúvida alguma uma tecnologia a ser mais explorada”, diz o pesquisador holandês Piet Arts, diretor global do Programa de Pesquisa e Melhoramento de Forrageiras do Grupo Barenbrug.

Piet Arts, diretor global do Programa de Pesquisa e Melhoramento de Forrageiras do Grupo Barenbrug. Foto: Divulgação/Barenbrug

Segundo Arts, a técnica vem sendo rechaçada nos países europeus, mas encontra sinal verde no Brasil, por exemplo, o que pode guiar experimentos de melhoramento genético de espécies de pastagens. Ainda não há uma data formal, mas está no radar da empresa. “A companhia tem um programa global com a tecnologia CRISPR com o azevém e vamos certamente estender essa linha de estudo em países onde for juridicamente possível, como é o caso do Brasil.”

A fala do pesquisador é um marco para a empresa no País. Pela primeira vez, um pesquisador global da Barenbrug conversa com uma equipe de jornalistas brasileiros, incluindo o Portal DBO. O evento ocorreu na manhã desta quarta-feira (4/11). No segmento de pastagem, um mercado pulverizado, a empresa tem grandes concorrentes, entre eles Matsuda, Germipasto, Pastobras, ATTO Adriana Sementes e Sementes Oeste Paulista.

Estratégia

A companhia, fundada 1904, conta com escritórios em 21 países e é dona de uma receita global da ordem de 300 milhões de euros. No Brasil está presente desde 2012, mas foi em março de 2019 que a companhia ganhou mais território ao adquirir todo o negócio de pastagens da Corteva Agriscience.  Localizado no município de Guaíra (SP), a compra levou a companhia a ser dona do maior banco de germoplasma privado de sementes de pastagens tropicais do mundo.

Plantas forrageiras em germinação. Foto: Divulgação/Barenbrug

O plano da holandesa é dar celeridade ao desenvolvimento de plantas mais resistentes a pragas e doenças, que possam trazer mais resultados aos pecuaristas. “Já estive visitando alguns produtores que usam nossas pastagens e tenho ficado bastante impressionado”, conta Arts.

A companhia estima que atualmente 4,5 milhões bovinos se alimentem das variedades desenvolvidas pela empresa. Isso representa 2,1% do rebanho nacional, estimado em 214,7 milhões de animais, segundo o IBGE. A grande oportunidade vem justamente da estimativa de recuperação de 75 milhões de hectares de pastagens degradadas ou em processo de degradação no País, segundo um estudo da Climate Bonds Iniciative (CBI), entidade britânica sem fins lucrativos e a única no mundo a certificar títulos verdes. Para a CBI, o processo de recuperação de pastos tem potencial de movimentar R$ 291 bilhões nos próximos anos.

Lacuna tecnológica

Para fisgar o produtor e abocanhar parte desse valor,  a Barenbrug precisa garantir maiores saltos na pesquisa e desenvolvimento nos próximos anos, culminando em plantas cada vez mais produtivas. Apesar de grandes avanços no campo, a empresa diz que ainda tenta diminuir a lacuna tecnológica entre as forrageiras ou plantas, como o milho.

“Desde o advento do milho híbrido, no início do século passado, se soma mais de 100 anos. Já os primeiros cruzamentos de forrageiras no mundo foram na década de 1980. Então, estamos falando de um gap de, no mínimo, uns 60 a 70 anos em relação ao milho, por exemplo”, explica o zootecnista Ulisses Figueiredo, especialista em Genética e Melhoramento de Plantas e Líder do Programa de Desenvolvimento de Cultivares de Espécies Tropiciais da Barenbrug do Brasil.

Ulisses Figueiredo da Barenbrug do Brasil. Foto: Divulgação

Mas, para ele, mesmo com uma pesquisa muito distante dos avanços de outras plantas, o melhoramento genético de cultivares de pastagem vem ajudando o produtor a cortar gastos com suplementação.

Arts complementa: “Não digo que uma pastagem bem manejada possa suprir 100% da necessidade de energia na alimentação animal, mas com ela é possível substituir parte disso e economizar”, diz Figueiredo. “Talvez seja uma ilusão substituir com forrageiras todas as fontes de amido, todas as fontes de proteína, mas quanto maior a digestibilidade de uma planta e de suas fibras, melhor os produtores poderão ser atendidos com um alimento que possa substituir parte do milho na alimentação de seus rebanhos.”

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