A abertura do mercado brasileiro para a importação de 750 mil toneladas de trigo sem tarifa externa comum, comunicada esta semana, deve beneficiar principalmente EUA, Rússia e Canadá no comércio bilateral do grão com o Brasil. É o que avalia Ruben Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e ex embaixador brasileiro em Washington.
“Do ponto de vista da industria, nós fomos favoráveis a essa medida porque quanto mais houver oferta no mercado, melhor para o nosso setor, que é comprador do trigo”, comemorou Barbosa. Na avaliação dele, a quota não deve comprometer as relações comerciais do Brasil com a Argentina, país que responde por cerca de 85% das importações brasileiras e deve colher cerca de 20 milhões de toneladas este ano.
Barbosa destaca que as eleições argentinas interferiram na decisão do governo, assumida no final da década de 80, durante a rodada de negociação da Organização Mundial do Comércio no Uruguai. “Isso estava pendente até que, em fevereiro, o Trump cobrou do presidente Jair Bolsonaro esse compromisso que não havia sido executado. O presidente atendeu a solicitação, mas houve uma demora para entrar em vigor esperando o resultado da eleição na Argentina”, explica o ex-embaixador.
Válida por prazo indeterminado, a quota foi aprovada em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) realizada na terça-feira, 5 de novembro, em Brasília. O volume estipulado, de 750 mil toneladas, representa 6% do consumo brasileiro em 2018. “Não muda nada em termos de mercado. Do ponto de vista da indústria, vai haver mais oferta, mas não sabemos quais países vão poder ampliar essas vendas. Contudo, certamente EUA, Rússia e Canadá vão procurar fornecer parte dessa cota”, conclui Barbosa.
