Em qualquer roda de executivos ligados ao setor de carnes, o assunto do momento é a China e o grave problema da epidemia da peste suína africana que atinge o país. No entanto, a despeito do esperado aumento das importações chinesas de proteínas de origem animal, os exportadores mundiais de carnes também estão ávidos para avançar em todo o continente asiático.
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Texto publicado pelo portal australiano Beef Central mostra bem essa atual “briga” entre os principais fornecedores de carnes pelo ascendente e pujante mercado asiático. “Não é segredo que a carne bovina australiana está enfrentando uma concorrência cada vez maior de outras nações produtoras bem organizadas, particularmente na Ásia, que consumiu 73% das exportações de carne bovina da Austrália no ano passado”, disse o gerente regional da MLA (Meat & Livestock Australia) para o Japão e Coréia, Andrew Cox, durante conferência sobre a raça Wagyu, realizada recentemente em Adelaide.
Segundo o texto da Beef Central, 43% das exportações de carne bovina da América do Sul também foram para a Ásia em 2018, em particular para China. Por sua vez, no ano passado, 41% dos embarques de carne bovina dos EUA tiveram como destino o Japão e a Coreia do Sul.
Além da carne bovina de outros países, o produto australiano também enfrenta forte concorrência direta na Ásia por carne suína e frango de menor preço, além da crescente disponibilidade de produtos proteicos alternativos, como a carne à base de vegetais.
A Meat & Livestock Australia diz enxergar oportunidades para os exportadores australianos de carne bovina em mercados em desenvolvimento na Ásia, onde o poder aquisitivo do consumidor está crescendo. A MLA cinta cinco cidades em particular: Cingapura, Kuala Lumpur, Bangkok, Cidade de Ho Chi Minh e Jacarta.
Carne de Wagyu
Ainda de acordo com a Beef Central, a carne australiana de Wagyu, raça de origem japonesa, tem tido grande penetração no Japão, além de outros países asiáticos. Um dos fatores que impulsionam o aumento de demanda da carne bovina premium da Austrália é o crescimento explosivo de pontos de venda que atendem a culinária japonesa na Ásia e no mundo.
O governo do Japão estimou recentemente que o número de restaurantes japoneses dobrou globalmente entre 2013 e 2015. “Quando os consumidores da Ásia buscam a culinária japonesa, eles buscam a melhor qualidade e daí que entra o Wagyu australiano”, disse o gerente regional da MLA, Andrew Cox.
Rebanho japonês em queda
Outra tendência relevante para a carne bovina australiana no Japão é o declínio ocorrido no próprio rebanho bovino do país e o crescimento de suas exportações de Wagyu. O trader de carnes e colaborador da Beef Central, Bully Kohno, disse que o rebanho japonês diminuiu para 3,85 milhões de cabeças nos últimos anos, refletindo fatores como alto custo de mão-de-obra e uma demanda mais fraca no mercado interno devido ao alto preço praticado no varejo.
Ao mesmo tempo, a indústria japonesa de Wagyu vem trabalhando duro para aumentar sua presença no mercado internacional. No ano passado, o Japão exportou 3,5 mil toneladas, a maior parte de carne Wagyu de alto preço, vendido principalmente em restaurantes finos de Taiwan, Hong Kong e Cingapura.
Wagyu em pé
O aumento das exportações de carne bovina do Japão também está abrindo mais oportunidades para a carne bovina premium australiana no país asiático, informa Andrew Cox. Além dos cortes de Wagyu enviados ao país asiático, a Austrália tem exportado animais Wagyu vivos, que são alimentados no Japão antes de serem abatidos e vendidos como carne bovina japonesa.
“Então, no futuro próximo, ainda há uma tremenda oportunidade para a carne bovina australiana no Japão, seja ela embalada ou viva”, destaca Cox.