Fantasma da febre aftosa paira sobre a pecuária de corte da Austrália

Agentes ligados à cadeia da carne bovina australiana manifestam preocupação em relação aos registros recentes de focos da doença na Indonésia

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Paira sobre a bovinocultura de corte da Austrália, uma das gigantes mundiais no setor de exportação, o fantasma da febre aftosa, doença que, caso atinja o rebanho australiano, resultará em sérios prejuízos econômicos para toda a cadeia da carne local.

O vírus da aftosa é um velho conhecido do Brasil, que até hoje não consegue avançar em acordos com países importadores de carne bovina, como o Japão e a Coreia do Sul– para justificar o bloqueio permanente à carne bovina brasileira, esses importadores relembram os casos de contaminação já ocorridos em território brasileiro.


“Como o Brasil ainda não é considerado livre de febre aftosa sem vacinação, não exportamos para os mercados do Japão e da Coreia do Sul, basicamente os dois grandes países compradores no mundo que ainda não fazem parte da lista de clientes dos frigoríficos brasileiros”, reforça o analista Hyberville Neto, sócio-diretor da consultoria HN Agro, de Bebedouro, SP.

A enorme preocupação da Austrália em relação à febre aftosa é demostrada pelo portal australiano Beef Central, que nos últimos dias publicou vários textos sobre o perigo iminente de contaminação do rebanho local devido aos registros recentes de casos da doença na Indonésia.

“Precisamos estar atentos e ter todos os nossos protocolos em vigor. Há muito trabalho a ser feito, tanto em nível nacional, como nas fazendas – todos precisarão ter um plano em prática se o pior acontecer”, alertou John McKillop, presidente do Conselho Consultivo da Carne Vermelha (RMAC, na sigla em inglês).

Segundo ele, a cadeia da carne deve pleitear imediatamente ao governo australiano a liberação de fundos financeiros possíveis de serem ativados em 24 horas.

“Caso contrário, (o ingresso de febre aftosa no país) custará bilhões de dólares à economia australiana”, reforçou McKillop, acrescentando: “Não queremos sentar e esperar até que a doença chegue antes de fazer algo a respeito”.

Além da febre aftosa, os agentes australianos relatam preocupação sobre o registro de uma outra doença presente no rebanho indonésio: o LSDV, ou vírus da dermatite nodular.

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Segundo relatos do analista Simon Quilty, da australiana Global AgriTrends, faz um mês que a febre aftosa foi descoberta na Indonésia, após o suposto comércio ilegal de gado (provavelmente envolvendo búfalos importados).

Simon Quilty pediu a proibição de viagens de turismo australiano para a Indonésia por pelo menos seis meses, devido à “resposta lenta do governo local em relação à atual crise sanitária, à falta de vacinas e ao movimento descontrolado de gado”. “Temos um problema à nossa porta sobre o qual precisamos pensar, não apenas enfiar a cabeça na areia”, disse Quilty.

De acordo com o analista, se a febre aftosa atingir o rebanho da Austrália, todos os mercados abertos para a carne australiana fecharão as portas da noite para o dia.

“Estamos confiantes de que a Coreia do Sul nos baniria por no mínimo três anos e a China nos baniria da noite para o dia”, disse ele, segundo reportagem da Beef Central.

Quilty disse ainda que o governo indonésio demorou a relatar a presença da febre aftosa e que não estava ocorrendo um abate em massa do rebanho bovino do país.

“A realidade é que levará de 8 a 12 meses para superar a febre aftosa, enquanto o LSDV continuará a se espalhar por toda a Indonésia, provavelmente chegando em regiões como Timor Leste e Papua Nova Guiné”, afirma o analista, que completa: “Até que a Indonésia vacine totalmente seu rebanho, nenhum de nós pode ficar tranquilo”.

Os suprimentos de vacinas para ambas as doenças são escassos em todo o mundo, com a cepa de febre aftosa na Indonésia identificada recentemente como IND2001, com um período de incubação de 2 a 14 dias.

Foto: Pixabay

Bloqueio cria pânico – Nesta semana, a indústria de carne bovina da Indonésia anunciou um sistema de bloqueio nas propriedades para impedir a circulação de animais.

“Isso criou pânico entre os pecuaristas, que buscaram acelerar a vendas de seus lotes de animais antes que eles contraíssem a doença da febre aftosa, uma estratégia mal-sucedida, já que tal ação acabou espalhando rapidamente o vírus”, disse Quilty.

Segundo ele, a grande preocupação é o movimento do rebanho de 17 milhões de suínos dentro da Indonésia, pois eles são verdadeiras “fábricas virais” – uma vez que um porco contrai a febre aftosa, ele produz milhões de partículas da doença, enquanto bovinos e caprinos carregam a doença, mas não são “fábricas virais”.

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Neste momento, a Austrália está em uma posição única para fornecer proteína ao mundo devido ao processo de reconstrução de rebanho de bovinos.

“Enquanto outros principais países fornecedores estão liquidando o plantel, a Austrália está reconstruindo, apresentando oportunidades para as exportações de carne bovina e ovina nos próximos anos, visando alimentar o mundo”, destaca Quilty, que enfatizou: “Só precisamos superar essa ameaça imediata à nossa porta”.

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