O comportamento atual do mercado brasileiro de bovinocultura de corte começa a ficar cada vez mais parecido com o movimento observado no ciclo 2015/16, período de alta no mercado pecuário. É o que mostra um relatório analítico escrito nesta terça-feira, 15 de outubro, pela médica veterinária Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, em parceria com os também analistas Caroline Matos (zootecnista) e Gustavo Machado (engenheiro agrônomo).
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Segundo relembram os consultores, em 2015, os preços dos animais de reposição começaram a refletir o forte aumento nos abates de vacas observado nos dois anos anteriores (2013 e 2014), quando a participação das fêmeas atingiu o pico de 42% das matanças totais de bovinos. Com isso, em 2015, o ágio do bezerro sobre a arroba do boi gordo foi para as nuvens, atingindo o maior patamar da última década – 46%.
“Este (mesmo) movimento já começa a ser percebido novamente pelo mercado, uma vez que a reposição se mostra gradualmente mais valorizada neste ano, aumentando a sua representatividade na composição dos custos da pecuária nacional”, observam os analistas. No acumulado de 2019, continuam os consultores, o ágio do bezerro já gira em torno de 33% na praça paulista, com a arroba desta categoria precificada em 204,72/@ (média anual), patamar próximo ao observado em 2016 (quando o ágio esteve em 32%).
Os avanços nos abate de fêmeas em 2013 e 2014 resultaram, conforme o esperado, em redução da capacidade produtiva de bezerros do rebanho brasileiro, o que pressionou positivamente o valor de animais mais jovens, assim como elevou posteriormente a pressão sobre as categorias mais eradas. “Trata-se de um movimento que já está em curso em 2019 e que deve dar fôlego à arroba do boi gordo, especialmente na temporada de 2020”, destacam.
Novidade deste ano
Neste início de de ciclo de alta da pecuária de corte, a grande novidade, segundo os analistas da Agrifatto, está sendo a maior participação de novilhas nos abates totais, movimento motivado sobretudo pelo avanço da demanda externa por essa categoria animal. “Boa parte das novilhas abatidas destina-se à exportação”, afirmam os analistas, acrescentando que as fazendas de cria estão elevando os aportes em tecnologias, o que contribui para a melhor relação de custo-benefício no processo de engorda dessas fêmeas jovens.
No entanto, ressalta os consultores, além do movimento de intensificação da produção, o avanço dos abates de novilhas também ocorreu em decorrência dos ágios ofertados pela arroba da categoria. “Assim, por serem abatidas jovens, essas novilhas não têm a chance de provar seu potencial reprodutivo e oferecer bezerros ao mercado, o que aumenta ainda mais a pressão no funil dos preços, elevando o potencial de valorização da arroba do boi gordo e, possivelmente, encurtando a duração da fase de alta do ciclo pecuário atual”, concluem os analistas.