Afecções nos cascos já são o principal problema sanitário de bovinos no Acre. Infecciosa, a doença tem se espalhado para outras regiões do País.
Por Renato Villela
Magro e abatido, o animal suspende uma das patas em busca de um pouco de alívio. O casco mal toca o chão. A imagem aproximada pela lente da câmera revela a causa do sofrimento. Uma ferida em “carne viva” na junção da pele com o casco se estende até a região interdigital (entre os dedos), onde apresenta aspecto necrótico.
Causada por bactérias que afetam os cascos, a pododermatite infecciosa, conhecida como foot rot ou podridão dos cascos, é comum em rebanhos leiteiros e na criação de ovinos. No gado de corte, normalmente está associada ao confinamento, onde a lama e o esterco facilitam seu aparecimento. A doença, no entanto, acomete animais criados a pasto. No Acre, é o principal problema sanitário dos bovinos e tem se espalhado para outras regiões do País.
O produtor Fernando Álvares Zamora enfrenta a doença em duas de suas três propriedades. Na Fazenda Chocolate, município de Bujari (AC), na divisa com o Amazonas, a incidência da doença era tão alta que, três anos atrás, 30%-40% do rebanho de 3.500 animais precisou ser submetido a algum tipo de tratamento.
“Normalmente, a doença começa com o achinelamento do casco. Daí aparece uma broca. Em seguida, o casco apodrece”, relata.
Os prejuízos são inúmeros. Com dificuldade de locomoção, os animais emagrecem. Fêmeas retardam o cio, enquanto reprodutores têm sua capacidade de monta afetada, principalmente quando acometidos nas patas traseiras. Sem contar, é claro, sua desvalorização.