A incerteza sobre o consumo de carne do País, intensificada pela extensão do período de quarentena em importantes centros urbanos, impactou a dinâmica das negociações com boiada gorda. Já faz algumas semanas que as indústrias frigoríficas passaram a operar por meio da compra casada, monitorando as vendas de carne bovina para só então adquirir novos lotes de animais terminados, observa a Informa Economics FNP.
Segundo a consultoria, em muitas regiões, com receio de promover um excedente de oferta de carne em seus estoques, os frigoríficos diminuíram consideravelmente o fluxo de seus abates diários em suas plantas. “Praças no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso registraram redução nas operações, com algumas plantas chegando a funcionar com apenas 30% de sua capacidade operacional”, alerta a FNP.
Essa estratégia de maior cautela nos balcões de negócios tem resultado em desvalorizações nos preços da arroba do boi gordo nas principais praças pecuárias. O tombo só não é maior, porque a oferta de boiada continua bastante enxuta e há um grupo de pecuaristas que, ainda favorecidos pela boa oferta de pastagem, insiste em segurar os animais prontos nos pastos, não vendendo a sua mercadoria a qualquer preço.
“Na maioria das regiões pesquisadas, os frigoríficos mantêm os abates bem regulados, limitando o fluxo de produção, e consequentemente a aquisição de gado gordo”, relata a FNP.
Há ainda o feriado de Páscoa nesta sexta-feira, o que faz as indústrias ficar ainda mais receosa em relação ao comportamento do consumo de carne no final de semana e, por isso, evitam alongar muito as programações de abate.
Segundo a FNP, no momento, as indústrias frigoríficas ainda conseguem preservar as suas margens, mas já se observa uma perda de competitividade com relação a outras proteínas já que, o valor da carne suína e de frango têm apresentado quedas expressivas neste mês de abril.
Sinal verde para exportações
Enquanto no mercado doméstico prevalece a incerteza, as exportações brasileiras de carne bovina continuam fortalecidas. Com a retomada da atividade na China, os embarques devem ser favorecidos, já que, o país asiático ainda se recupera dos impactos da febre suína africana que atingiu as criações de porcos no ano passado e deixou lacunas na oferta interna de proteínas.
Os frigoríficos exportadores deverão também ser favorecidos pela reabertura de outros destinos, segundo prevê a FNP.
Como medida preventiva à possível crise de abastecimento devido ao COVID-19, o Egito anunciou a habilitação de 15 novos abatedouros de bovinos no Brasil, além da renovação das 82 plantas que já atuavam no mercado.
Confira as cotações desta quinta-feira, 9/4, de acordo com a FNP:
SP-Noroeste: R$ 201/@ a (prazo)
MS-Dourados: R$ 181/@ (à vista)
MS-C. Grande: R$ 183/@ (prazo)
MS-Três Lagoas: R$ 183/@ (prazo)
MT-Cáceres: R$ 179/@ (prazo)
MT-Tangará: R$ 179/@ (prazo)
MT-B. Garças: R$ 180/@ (prazo)
MT-Cuiabá: R$ 174/@ (à vista)
MT-Colíder: R$ 169/@ (à vista)
GO-Goiânia: R$ 185/@ (prazo)
GO-Sul: R$ 181/@ (prazo)
PR-Maringá: R$ 182/@ (à vista)
MG-Triângulo: R$ 187/@ (prazo)
MG-B.H.: R$ 182/@ (prazo)
BA-F. Santana: R$ 177/@ (à vista)
RS-P.Alegre: R$ 189/@ (à vista)
RS-Fronteira: R$ 186/@ (à vista)
PA-Marabá: R$ 185/@ (prazo)
PA-Redenção: R$ 181/@ (à vista)
PA-Paragominas: R$ 185/@ (prazo)
TO-Araguaína: R$ 180/@ (prazo)
TO-Gurupi: R$ 177/@ (à vista)
RO-Cacoal: R$ 167/@ (à vista)
RJ-Campos: R$ 185/@ (prazo)
MA-Açailândia: R$ 176/@ (à vista)