Protocolo de consultoria goiana permite ganhar de 1,5 a 3@/cab em cinco meses de recria, apenas com apartação e suplementação corretas
Por Moacir José
Até o ano de 2018, o pecuarista José Carlos Berlato sofreu com dificuldades no manejo de animais de recria em sua Fazenda Nossa Senhora Aparecida, situada no município de Ouro Verde, região de Dracena, no extremo oeste do Estado de São Paulo.
Quando chegavam de sua propriedade de cria (a Fazenda Mutum, em Brasnorte, MT), os bezerros eram manejados em piquetes de braquiária brizanta, majoritariamente, em sistema rotacionado, mas sem triagem adequada para formação de lotes homogêneos. Isso era feito meio “no olho”, com base na altura e conformação dos animais (se eram “costeludos”, por exemplo; ou seja, se tinham caixa para se desenvolver).
“A coisa era meio desorganizada, eu não sabia bem o que fazer com os bezerros, onde queria chegar em termos de peso. Mas sabia que não estava satisfeito com os 400-450 gramas que eles ganhavam nas águas e quase nada na seca. Eu não conseguia enxergar onde estava o problema; quase desisti da pecuária”, conta Berlato.
Seu sobrinho, Pedro Augusto Ferrari, administrador da Nossa Senhora Aparecida, acrescenta que os dois já haviam tentado, anos antes, o esquema de “sequestro” dos bezerros na seca, prática que se mostrou muito cara, justamente porque alguns erros continuaram sendo cometidos.
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Mas a situação começou a mudar a partir da safra 2018/2019, quando eles adotaram a metodologia “Ganhando Peso na Seca”, preconizada pelo consultor Armélio Martins, da Sisal Planejamento Agropecuário, de Goiânia (GO), que utiliza duas ferramentas: formação de lotes por peso (cabeceira, meio e fundo) e estratégia de suplementação específica para cada grupo.
Hoje, Berlato está feliz. Na seca, o ganho de peso dos animais de “fundo” (menos pesados na desmama) bate 700 g/cab/dia, com ajuda do “sequestro”, e a turma da “cabeceira” ganha 470 g/cab/dia, somente a pasto.
“Agora, sei o que quero dos bezerros: peso de 250 kg no início das águas e de 450 kg na entrada do confinamento de engorda”, resume o produtor.
Antes, essas médias não eram obtidas, forçando o pecuarista a alongar a terminação em confinamento, técnica, aliás, que ele já não usa, pois constatou ser mais vantajoso engordar no boitel. “O confinamento demanda uma gestão muito afinada, há muitos detalhes nos quais não se pode errar e exige recursos. Enfim, é muito arriscado. Melhor ficar na mão de profissionais”, diz ele, garantindo que, agora, ganha mais por arroba do que antes (veja tabela abaixo).