A inclusão progressiva na dieta, em substituição ao milho e farelo de soja, eleva peso e eficiência alimentar de forma linear
Por Ariosto Mesquita
Quando a produção de etanol de milho teve início no Brasil, em 2010, o DDG (grãos secos por destilação, na sigla em inglês) era um insumo já disseminado entre produtores norte-americanos, mas ainda desconhecido para a pecuária nacional. Carente de avaliações científicas nos trópicos, seu uso em dietas foi cauteloso nos primeiros anos. Com o passar do tempo, os estudos avançaram e sua utilização, sobretudo na engorda intensiva, começou a se consolidar.
Os resultados de uma pesquisa recente, fruto de tese de mestrado ainda não defendida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), comprovam sua eficiência no cocho. Usado em percentuais crescentes na terminação em confinamento, em substituição total ou parcial de ingredientes tradicionais, o DDG aumentou o ganho de peso diário em até 10,1% e a eficiência alimentar em 8,44%, ambos de forma linear.
O estudo foi orientado pelo professor Flávio Augusto Portela dos Santos e conduzido por João Marcos Meneghel de Moraes, aluno de mestrado do Departamento de Zootecnia da Esalq. Diante da disponibilidade de DDG com diversas composições, fruto de tecnologias diferentes adotadas nas indústrias, optou-se pelo DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), produzido pela FS Bioenergia no Mato Grosso (batizado de FS Ouro).
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Segundo a empresa, o produto carrega 40% de FDN (fibra em detergente neutro), 6% de levedura e 16% de proteína bruta. Segundo o professor Portela, porém, o ganho do DDG tido como convencional pode ser ainda maior, pois carrega perto de 30% de proteína bruta.
Foram utilizados 256 animais machos, Nelore, não castrados, de pesos equivalentes, desmamados na seca, recriados nas águas, oriundos de propriedade comercial parceira e confinados na unidade experimental da Esalq, em Piracicaba, SP. Os bovinos permaneceram fechados durante 100 dias, distribuídos em quatro grupos com tratamentos distintos. O primeiro (grupo controle, sem o DDGS) recebeu uma dieta com a seguinte composição: bagaço de cana (8,5%), milho moído (64%), casca de soja (12%), caroço de algodão (8%), farelo de soja (5%), ureia (0,7%), cloreto de sódio (0,3%) e minerais e vitaminas (1,5%).
Nas três dietas experimentais, o farelo de soja e o caroço de algodão foram totalmente suprimidos e a participação do milho foi reduzida, na medida em que aumentava (15%, 30% e 45%) a inclusão de DDGS. Como resultado, os animais do grupo com maior inclusão do coproduto apresentaram um ganho de peso diário (GPD) de 1,740 kg, ante a média de 1,550 kg registrada entre os bovinos com a dieta controle, representando uma diferença de 10,1% (veja tabela). Um detalhe importante é que o consumo de matéria seca não apresentou diferença estatística, ou seja, não variou entre os grupos.