A empresa de confinamento de bovinos de Marcos Molina, presidente do conselho de administração da Marfrig Global Foods é uma fábrica de carne a céu aberto
Por Carolina Rodrigues
Crescer quando já se é grande o suficiente. Esse foi o desafio proposto à Silveira Consultoria Gestão Pecuária pela MFG Agropecuária, em 2018, quando a empresa decidiu estruturar um mega projeto de gestão profissional para “refinar” o processo de engorda, obtendo maior eficiência na atividade. A empresa de confinamento de bovinos de Marcos Molina, presidente do conselho de administração da Marfrig Global Foods é uma fábrica de carne a céu aberto.
Em 2020 engordou cerca 130.000 animais em cinco plantas localizadas em Mato Grosso, Goiás e São Paulo, número que deve ultrapassar 250.000 este ano, aumento de 48% na quantidade de gado no sistema, fruto da aquisição de novas plantas no Mato Grosso e também do refinamento na gestão de dois importantes confinamentos do grupo no Estado: Parecis, localizado em Campo Novo do Parecis; e São Marcelo, recém-adquirido, no município de Tangará da Serra.
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“No início queríamos comparar o desempenho entre nossas plantas, mas acabamos também descobrindo que tínhamos uma posição vantajosa dentro de um mercado gigantesco no Brasil, que é o da terminação intensiva”, diz André Campanini, gestor e responsável pelo Controle Operacional da MFG Agropecuária. Com apenas três safras acompanhadas, a empresa já atingiu eficiência operacional 30% superior em relação às demais no benchmarking do Instituto Inttegra Métricas Agropecuárias, do qual a Silveira Consultoria, com sede em Cuiabá, é franqueada.
“Se estivéssemos em uma Olimpíada, por exemplo, certamente a planta de Parecis seria favorita à medalha de ouro na sua categoria”, revela Antônio Chaker, consultor sênior e coordenador do Inttegra. “É um capricho em nível altíssimo, podemos assim dizer”.
Laboratório de gestão
Parecis foi a primeira planta a receber a metodologia Inttegra de avaliação de resultados, basicamente por três motivos: além de uma fazenda altamente eficiente, ela é laboratório para uso de novas tecnologias na empresa e um dos grandes confinamentos do grupo. Em 2020, confinou 51.633 animais, 91% em sistema de parceria, com destaque para a modalidade de “diária” (valor pago por cabeça/dia de permanência no confinamento, em função do peso corporal do animal na entrada) e a de “arrobas produzidas” (quando é pago um valor fixo por arroba ganha no período do confinamento).
André Campanini lembra que a MFG é uma empresa prestadora de serviço e, como tal, precisa fidelizar seus clientes e buscar a máxima eficiência. Segundo ele, 85% dos animais confinados estão no sistema de parceria.
“A gestão nos ajudou no “detalhe”. Sabemos, por exemplo, quais são os pecuaristas que têm os melhores resultados dentro da planta e isso nos tem permitido ser mais mais assertivos na hora de passar um valor de diária ou de arroba produzida no confinamento, sem surpresas no resultado econômico”, avalia.
Uma das principais mudanças do processo foi na originação do gado, hoje, bem mais refinada. Em 2020, levantamento da Silveira Consultoria segmentou percentualmente quantos animais originados deram lucro, prejuízo ou empataram. Com esse nível de controle é possível identificar qual o retorno de cada um deles, provenientes de compra ou parceria, dentro das plantas da empresa, que segue um criterioso planejamento de compra de insumos. Estratégias, que segundo os consultores, mandam no resultado financeiro da engorda a cocho.