As incertezas políticas, tanto no plano internacional, com a guerra comercial entre EUA e China, quanto no cenário interno, com as indefinições quanto ao futuro da reforma da previdência e tributária, tendem a atravancar as exportações brasileiras no curto prazo. A avaliação foi feita por executivos da Maersk, maior empresa logística de carga refrigerada do mundo.
“Essas dúvidas sobre o cenário internacional, somadas ao que ocorre na nível local, como as reformas, não ajudam a aumentar o investimento na produção e na exportação [no Brasil]”, afirma Matias Concha, diretor de produtos e investimentos da companhia.
Em relatório divulgado na última quarta-feira, 4 de setembro, a multinacional logística avalia que são cada vez menores as esperanças de aumento expressivo nas exportações brasileiras em 2020 e ressalta que os bons resultados do último trimestre ocorreram sobre uma base de comparação muito fraca, dada a greve dos caminhoneiros em 2018.
Efeito China
Concha lembra ainda que os resultados expressivos do último trimestre no Brasil foram puxados por crises específicas, como o surto de peste suína africana na China. “De fato vimos um crescimento na exportação de cargas refrigeradas no geral e de carne bovina em particular. O que estamos vendo a partir dos nossos clientes é que, realmente, a China está voltando a comprar a carne brasileira, seja frango, porco ou bovina”, avalia o executivo.
Outro ponto positivo para o Brasil nos últimos meses tem sido a guerra comercial sino-americana. Contudo, a delicadeza da questão geopolítica entre os dois países tende a conferir ainda mais insegurança para os investimentos no curto prazo, na avaliação da Maersk.
“No curto prazo, essa disputa tem um impacto naturalmente positivo nas exportações brasileiras. Contudo, ainda restam dúvidas. Será que esse cenário vai se manter no longo prazo? Faz sentido para o exportador fazer investimentos para aumentar a exportação?”, pondera Concha.