Início de 2022 terá arroba valorizada e margens mais baixas ao pecuarista, prevê o presidente da Assocon

O pecuarista brasileiro pode esperar por uma melhora de preços da arroba do boi gordo já para o início de 2022. É o que prevê o pecuarista Maurício Velloso, presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon).

Velloso e o zootecnista Bruno de Jesus Andrade, diretor de operações do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), foram os convidados do DBO Entrevista, que foi ao ar nessa segunda-feira, 8; o programa debateu o panorama atual do mercado do boi e as perspectivas para 2022 (ASSISTA na íntegra ao final do texto).

Para Velloso, a baixa oferta de animais para reposição continuará no primeiro semestre do próximo ano, o que elevará os preços.

No entanto, a alta nos custos de produção poderá influir em prejuízos aos produtores de carne bovina no País.

“Sem dúvida alguma, nós deveremos experimentar no primeiro semestre de 2022 valores mais altos do que estão sendo praticados hoje. Entretanto, eu não acredito que os valores desta arroba sejam suficientes para oferecer margem positiva ao pecuarista porque os custos de produção, de uma maneira geral, subiram no mínimo 50%”, diz Velloso.

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Para Andrade, outro porém para o próximo ano é justamente sobre as incertezas da segurança econômica do País, sendo o principal fator que fez com que o consumo interno de carne bovina caísse.

Desde que o maior consumidor da proteína vermelha nacional – o brasileiro – vem reduzindo seu apetite, o setor vem amargando baixas, agravadas com a ausência da China nas compras de carne.

Segundo Andrade, ainda há incertezas se a recuperação do poder de compra do brasileiro pode melhorar já no primeiro semestre de 2022.

“Ainda há um receio em relação à economia no próximo ano, como que ela vai se comportar, se os brasileiros e as famílias do País conseguirão aumentar a receita para aumentar o consumo de carne bovina, que está estagnado nos últimos dois anos”, diz Andrade.

O que fazer em 2022?

Diante desse cenário, a indicação de Andrade e Velloso para o pecuarista no próximo ano é unânime: planejar bem a operação, fazer uso de ferramentas de gestão e de seguro de preços através de travas financeiras na bolsa de valores.

“Como é que o pecuarista pode ter milhares de reais ou milhões de reais para ser comercializado sem ele ter a certeza absoluta de que aquele valor pelo qual ele vai vender é suficiente para pagar os seus custos e ainda  oferecer uma margem de lucratividade? Então isso passa a não ser mais pecuária, passa a ser um cassino”, diz Velloso.

Para Andrade, foi justamente o seguro de preço da arroba na bolsa que reduziu os prejuízos de muitos pecuaristas que lançaram mão de travas de preços da arroba neste ano, especialmente sobre o episódio da paralisação das vendas de carne para a China.

“Tínhamos sim uma expectativa muito grande por maiores elevações no preço da arroba do boi gordo e ninguém poderia esperar que essa situação com a China pudesse acontecer. Porém, ela aconteceu. E a gente observa que muitos produtores acabaram sendo pegos sem a devida proteção no mercado. O mercado futuro e o mercado de opções deu oportunidades daqui o pecuarista conseguisse travar sua rentabilidade”, diz Andrade.

Para o diretor do Imac, uma das lições que o pecuarista deve tirar em 2021 é não se ver apenas como um ‘produtor de boi’, mas sim como um produtor de alimentos, integrando em sua propriedade diversos sistemas de produção para dar retorno ao negócio, além do boi.

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Confira o programa na íntegra