Apesar do intenso otimismo do mercado com o crescimento em 2019, o ano começou lento para o mercado do boi gordo. De acordo com levantamento da Scot Consultoria junto a 32 praças, o preço médio da arroba teve queda de 0,8% em janeiro, pressionado pelo fraco consumo das famílias. Em São Paulo, por outro lado, o mesmo indicador apontou alta de 0,7% no mesmo período. Segundo analistas, este início de ano é de oportunidades, mas exigirá cautela e planejamento por parte dos produtores.
“A recomendação para o produtor é sempre a mesma. Ele precisa estar atento ao seu projeto, seu desempenho e ao fluxo de caixa”, comenta Maurício Nogueira, diretor da Athenagro. Segundo o analista, a perspectiva para 2019 é de preços melhores, mas não é possível descartar problemas que possam ocorrer em alguns mercados e seus impacto sobre o valor da arroba do boi gordo. “Ainda é muito cedo para separar ameaças reais de especulações, o que reforça a importância do produtor ficar atento ao mercado”, alerta Nogueira.
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Na opinião de Paulo Molinari, da Safras & Mercado, o ano de 2019 ainda é de transição, com o emprego iniciando um processo de recuperação e com resultados no segundo semestre muito melhores que os registrados nos últimos 4 anos. “Acreditamos que a demanda de 2019 será realmente melhor, talvez ainda não capaz de alavancar agressivamente os preços, porém, suficiente para absorver ofertas existentes”, comenta o analista ao ressaltar que o mercado mais fraco se deve a fatores sazonais.
“A comercialização neste período é realmente mais lenta. E as exportações não começaram o ano com força. Então, não temos nada fora do normal no mercado de boi”. A atenção, segundo Molinari, é mesmo com a demanda interna a partir do segundo semestre e com o câmbio, o que poderia derrubar as exportações e aumentar o oferta por aqui. “As exportações com este câmbio podem não ter o mesmo desempenho de 2018. Um suporte para preços do boi gordo está baseado no segundo semestre nas condições de demanda interna”.
Do lado dos insumos, as perspectivas também são de preços melhores, mas “tudo dependerá do clima”, explica Pamela Andrade, da Scot Consultoria. “Temos visto menores pluviosidades principalmente em Estados como Paraná e Mato Grosso, que são focados na produção de grãos. Isso pode sim ter impacto lá pra frente”, alerta a analista. Os efeitos, contudo, deverão ser diferentes para a soja e para o milho. Enquanto as quebras são mais significativas para a oleaginosa, as previsões de safra para o milho são de uma produção recorde, de cerca de 94 milhões de toneladas.
“O clima, é claro, colocará um ingrediente ainda de atenção na produção. Contudo, sem uma variável climática ruim na safrinha brasileira, uma safra norte-americana normal e um câmbio em valorização, parece difícil preços em alta para o milho no segundo semestre sem uma forte exportação”, avalia Molinari, da Safras & Mercado. Segundo ele, até que o volume de produção do milho safrinha esteja melhor definido, em junho, os preços do grão devem se manter firmes no país.