IN’s 76 e 77 entram em vigor e preocupam indústria do leite

Instruções preocupam diante das dificuldades de adaptação e indústria pede prazo maior; Mapa promete flexibilidade

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As instruções normativas (IN’s) 76 e 77, que estabelecem parâmetros sanitários mais rígidos para a cadeia do leite, entram em vigor nesta quinta-feira, seis meses após a sua publicação no Diário Oficial. Apontada como uma mudança positiva pelo setor, as instruções preocupam a indústria diante das dificuldades de adaptação enfrentadas de novembro do ano passado até aqui.

“A indústria é favorável à tudo o que traga melhora à cadeia do leite, mas queria um período par medir essas mudanças e se adaptar. Para ver se é factível atender a esses parâmetros de contagem bacteriana total ou não”, explica Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Leite do RS (Sindilat).


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Guerra se refere aos limites máximos de CBT (Contagem Bacteriana Total) de 900 mil unidades por ml para a indústria e de 300 mil unidades por ml para propriedades rurais estipulados pelas novas regras em vigor. De acordo com ele, a maior parte da indústria não conseguiu se adaptar nesses últimos meses, entre outros motivos devido à particularidade da cadeia do leite no Brasil.

“Não é em seis meses que se resolve o problema e pela nossa estrutura esses período seria insuficiente. Nesse tempo foi visto que não é possível atingir esses índices”, explica Guerra ao apontar o maior tempo de manuseio do leite no país e um setor extremamente pulverizado e composto majoritariamente por pequenos produtores num universo de mais de 1 milhão de pecuaristas.

Os parâmetros de contagem bacteriana propostos pelo Ministério da Agricultura seguem padrões europeus de sanidade. Contudo, Guerra ressalta que enquanto na Europa a produção média por animal e propriedade permitem que a indústria local encha um caminhão rodando cerca de 10 a 50 quilômetros – distância que, no Brasil, passa de 300 quilômetros.

“A nossa estrutura de coleta é muito diferente e a indústria está preocupada, porque sai com um passivo de antemão”, comenta o presidente do Sindilat.

Em nota, a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) afirma que o Ministério da Agricultura deve publicar em breve uma portaria estendendo os prazos de adaptação do setor, atendendo aos pedidos da Câmara Setorial do Leite da própria pasta.

Em nota, o Ministério da Agricultura reconhece as dificuldades enfrentadas no país. “A situação atual ainda não permite uma redução de padrão, sendo necessária a adoção de outras ações para avançar nos índices de qualidade”, explicou Ana Lúcia Viana, diretora de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária.

Segundo ela, para atender ao novo padrão, é necessário que o setor revise a sua logística de coleta, as condições dos tanques dos caminhões transportadores, e os procedimentos de higiene deles. “São procedimentos que visam amenizar a multiplicação bacteriana e fornecer produtos de maior qualidade ao consumidor”, disse Ana Lúcia.

 

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