O estudo “Post-Covid-19 impact on Ag industry”, realizado pela Boston Consulting Group entre a segunda quinzena de abril e a primeira quinzena de maio com agricultores no Brasil, Estados Unidos, Canadá e Alemanha mostrou que, mesmo com a preocupação com os efeitos da pandemia, o setor produtivo desses países manteve a intenção de plantio definida antes da pandemia.
A preocupação com preços das commodities e eventual comprometimento da oferta de mão de obra, no entanto, é unânime, em maior ou menor grau. Segundo o levantamento, a intenção de plantio para a safra 2020/21 nas três regiões consultadas, que começa a ser semeada em setembro no Brasil e está em andamento no Hemisfério Norte, não deve ficar distante do inicialmente planejado.
Dos brasileiros entrevistados, 63% dizem que não irão alterar os seus planos para a próxima safra, assim como 67% dos produtores norte-americanos e 73% dos alemães. Contudo, o investimento em equipamentos e insumos para a temporada pode ser menor.
Dos agricultores brasileiros entrevistados, 43% planejam comprar menos ou muito menos máquinas para o próximo ciclo, enquanto para fertilizantes a intenção de reduzir gastos abrange 33% dos entrevistados e para sementes, 14%.
O levantamento mostrou também que o setor produtivo está atento aos efeitos da doença no padrão de consumo, nas cadeias de suprimento e logística, preço das commodities e na mão-de-obra.
O receio do agronegócio brasileiro com os reflexos da pandemia da Covid-19, contudo, parece ser menor que os de seus concorrentes. Para 73% dos agricultores brasileiros entrevistados, a maior parte da operação agrícola não será afetada pela pandemia, contra 67% e 47% para norte-americanos e alemães, respectivamente.
Entre os entrevistados brasileiros, destacou-se a preocupação com os reflexos das oscilações cambiais sobre as exportações. Para os produtores norte-americanos, o receio é a queda na demanda por etanol – feito principalmente à base de milho – e eles consideram que os preços atuais das commodities representam uma ameaça econômica.
Já entre os alemães a maior preocupação verificada é quanto ao fluxo de trabalho e de mão de obra para os trabalhos de campo em virtude das medidas de distanciamento social.