Invista no básico bem feito

Pecuaristas, mesmo tecnificados, ainda pecam no manejo por não fazer planejamento, estabelecer metas e criar calendário de ações.

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Adilson de Paula Almeida Aguiar, zootecnista, professor das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu); consultor associado da Consupec (Consultoria e Planejamento Pecuário), de MG, e investidor nas atividades de pecuária de corte e leite.

Os avanços tecnológicos na pecuária têm sido expressivos e surpreendem até mesmo os profissionais com experiência na atividade. A Revista DBO, em praticamente todas as suas edições, tem trazido matérias sobre esses avanços. Entretanto, no atendimento aos pecuaristas, percebo que muitos deixam de fazer o básico bem feito. Boa parte deles, já adota pacotes tecnológicos que garantem avanços para seus negócios, mas ainda não têm domínio total sobre os números e rotina da fazenda.

Que seria exatamente esse “básico bem feito”? O que vou escrever a seguir não constitui uma novidade, justamente por ser básico. Em primeiro lugar, todos os produtores deveriam ter, na ponta língua (e do lápis), um inventário dos recursos de sua fazenda (clima, solo, área de pastagens, benfeitorias e edificações, total do rebanho, empregados, manejo adotado, logística, mercado local, recursos financeiros).


Sem isso, é impossível fazer um diagnóstico (avaliação da situação atual) do projeto, base para elaboração de seu plano de metas, sempre tendo por base os objetivos do produtor. Esse planejamento – desdobrado em três níveis (longo, médio e curto prazos) – deve ser apresentado aos integrantes que trabalham na fazenda e discutido com eles. Na sequência, é preciso elaborar um orçamento, também de longo, médio e curto prazos.

A partir daí, o produtor deve criar formulários para a coleta de dados no campo, decidir se os controles serão feitos em planilha ou em software e elaborar um programa de treinamento dos integrantes da equipe de como executar as tarefas e coletar/controlar os dados.

Recomendo que os treinamentos sejam ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), pelos consultores que atendem o projeto e por técnicos de empresas que vendem insumos ao produtor. Os treinamentos devem ser frequentes, bem como as reuniões para avaliação de resultados e tomada de decisões sobre medidas corretivas.

Calendário de ações

Para que as tarefas sejam executadas em tempo, sempre recomendo a elaboração de um cronograma, que possibilita estabelecer o calendário de ações da fazenda. Esse calendário deve ser elaborado junto com os integrantes da equipe. Após sua aprovação, recomendo imprimi-lo e fixá-lo em local visível, para que possa ser consultado com frequência. Nas reuniões semanais e mensais, esse calendário deve ser revisto e atualizado, em caso de intercorrências. Infelizmente, a maioria dos clientes que já atendi não adotava essa sequência de procedimentos e muitos que atendo há anos também não adotam.

Aqui, vou admitir que o pecuarista já chegou nesse ponto, ou seja, ele tem um calendário de ações. O passo seguinte é definir quando, como e quem executará cada tarefa. Convém lembrar que, em se tratando de atividade agropecuária, cada ação tem um mês mais adequado para execução, em uma situação e ambiente específicos, porque se trata de “uma indústria a céu aberto”, sujeita ao comportamento do clima.

O executor de cada ação deve estar treinado para realização dos procedimentos-padrão de execução. Esses padrões devem se basear em resultados de pesquisa, preferencialmente que já tenham sido validados, com sucessso, em fazendas comerciais.

O que programar?

Do calendário de ações, devem constar os meses das estações de monta, nascimento e desmama; os meses dos controles de ecto e endoparasitas; de vacinações; pesagens do rebanho; compra e venda de animais; castração (se esta for adotada); mudanças nos tipos e quantidades de suplementos.

Trazendo para a minha principal área de atuação (produção animal em pasto), as ações são as seguintes: inventário da pastagem, medição e mapeamento das áreas, coleta de solo para análise; aplicação de corretivos e adubos para estabelecer, renovar, recuperar ou intensificar pastagens; controles de plantas infestantes e pragas; manejo de irrigação; controles da altura e da produção de forragem; colheita e armazenamento do excedente de forragem e suplementação do rebanho com esta forragem; ajustes da taxa de lotação à capacidade de suporte da pastagem; ciclos de pastejos; compra e aplicação dos insumos (corretivos, adubos, inseticidas, herbicidas etc).

Se o projeto fizer integração lavoura-pecuária, deve-se incluir no calendário o mês de semeadura das pastagens de inverno, o início do pastejo nessas pastagens e o mês de devolver a área para a agricultura.

Quando criança, na minha terra natal, ouvi várias vezes os pais dizerem: “filho, filha, é melhor fazer certo na hora errada do que errado na hora certa”. Por traz desta orientação estava a mensagem:  “sempre se deve fazer a coisa certa”. Para a atividade agropecuária, contudo, essa orientação é insuficiente.

O certo é “sempre fazer certo na hora certa”, porque o comportamento da natureza não nos espera, não nos pede licença para manifestar, é implacável. Toda ação tem um custo, e por isso não é prudente arriscar. Em outra oportunidade detalharei o calendário de ações que recomendo para meus clientes em sistemas de produção animal a pasto.

*Conteúdo Exclusivo Revista DBO.

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