JBS tem prejuízo de R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre

Empresa diz que situação financeira é confortável e tem colchão para enfrentar a crise da Covid-19

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O grupo JBS registrou prejuízo líquido de R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre de 2020, refletindo a disparada do dólar frente ao real em suas dívidas em moeda estrangeira, informou a companhia na noite de quinta-feira, 14 de maio.

Segundo a empresa, excluindo o impacto negativo de R$ 8,2 bilhões da variação cambial, a JBS teria obtido um lucro líquido de R$ 803,2 milhões no período.


Segundo declarações do executivo de finanças da JBS, Guilherme Cavalcanti, ao jornal Valor Econômico desta sexta-feira, a perda contábil no primeiro trimestre não afeta o caixa da empresa, que mantém “colchão de liquidez” para atravessar a crise da Covid-19. “Temos uma situação bem confortável”, disse ele, acrescentando que a JBS encerrou o primeiro trimestre com “solidez financeira” que permitiu, inclusive, a doação de R$ 700 milhões para o combate do novo coronavírus.

Em comunicado enviado à imprensa, Gilberto Tomazoni CEO Global JBS, afirmou que, no último mês do trimestre (março), a empresa sentiu os “primeiros impactos da pandemia nas vendas”, marcado pela redução “na demanda do canal foodservice”. “Nosso time reagiu rápido, migrando a maior parte do volume de um canal para outro (varejo)”, disse ele, acrescentando que essa transição de demanda ocorreu “em praticamente todos os mercados” de atuação da JBS.

Tomazoni destacou as exportações do setor de proteína do Brasil, que “tiveram um trimestre forte, com os volumes de carne bovina, de frango e suíno crescendo respectivamente 5,2%, 9,5%, e 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para a China”.

Gilberto Tomazoni, da JBS. Foto: divulgação

“A JBS desempenhou um papel importante no crescimento das exportações, uma vez que somos a empresa que possui o maior número de plantas de proteína certificadas no Brasil para exportar para a China, com um total de 25 unidades habilitadas”, acrescentou o executivo.

O principal executivo da JBS também ressaltou o crescimento das operações da empresa nos Estados Unidos, com destaque para as exportações. Segundo Tomazoni, nos primeiros três meses deste ano, as exportações de carne bovina, de frango e suíno pelos EUA tiveram forte desempenho, com aumentos de 10,5%, 7,9%, e 39,9%, respectivamente, com destaque para as vendas para o Japão, Coreia do Sul, México e China. “Em particular, para a China, a redução das tarifas de exportação nas três principais proteínas no início de março, associada à nossa decisão acertada em 2019 de adotar um rebanho de suínos livre de ractopamina, contribuiu para ampliar os embarquess e preencher a lacuna que ainda é causada pela febre suína africana”.

Resultados trimestrais

A receita líquida da JSB registrou acréscimo de 27,3% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, atingindo R$ 56,5 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado da JBS teve aumento de 22,6%, para R$ 3,9 bilhões.

A JBS Brasil, que inclui os negócios de carne bovina da empresa no Brasil, registrou receita de R$ 8,2 bilhões no primeiro trimestre, elevação de 20,6% sobre igual período de 2019.

A unidade registrou alta nos volumes e preços de produtos vendidos no mercado doméstico. Nos mercados externos, a queda de 13,2% nos volumes foi compensada por uma alta de 27,3% nos preços dos produtos, informou a JBS.

A Seara registrou acréscimo de 39% na receita líquida do trimestre, totalizando R$ 5,8 bilhões, puxado pelo avanço de 14,5% nos volumes vendidos e de 22,2% nos preços médios de vendas.

A JBS USA Beef registrou receita líquida de US$ 5,2 bilhões no primeiro trimestre, 3,1% acima do resultado obtido no mesmo período de 2019. A receita da JBS USA Pork subiu 11,3% no período, para US$ 1,5 bilhão, com destaque para as exportações, que tiveram aumento de 56% em volume.

A Pilgrim’s Pride, a unidade da JBS de carne de frango nos EUA, registrou receita líquida de US$ 3,1 bilhões no primeiro trimestre, 12,9% acima da registrada nos três primeiros meses de 2019.

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