Lá vem o carrapato: saiba quando combatê-lo

Dez passos para um combate eficaz. Saiba como enfrentar sem estresse este inimigo que suga sangue e renda.

Por Fernanda Yoneya

Ele é responsável por um prejuízo econômico estimado em US$ 3,2 bilhões por ano no Brasil. Inimigo número 1 dos bovinos, o carrapato exige que o produtor seja criterioso para vencê-lo. Daí a adoção do chamado “controle estratégico”, recomendado pela médica veterinária Márcia Prata, da Embrapa Gado de Leite. Esse controle, explica ela,  consiste na aplicação de produto adequado à infestação de carrapatos do rebanho, da maneira correta e no menor número de vezes possível, na época mais favorável ao produtor e desfavorável ao carrapato.

“Por controle estratégico entende-se a concentração de banhos ou tratamentos com carrapaticidas em períodos desfavoráveis ao desenvolvimento do carrapato na pastagem. Como essas condições variam de região para região no País, esse controle deve ser regionalizado”, afirma a pesquisadora da Embrapa.


Não existe uma “receita” para o controle estratégico do carrapato. É fundamental que cada produtor, com a ajuda do veterinário, decida qual é a melhor época para a atuação estratégica na sua microrregião. “Não se deve concentrar as aplicações de carrapaticida quando os animais têm mais carrapatos, como geralmente é feito na maioria das propriedades. A ação deve se basear no conhecimento da vida do parasita. O resultado será um melhor controle, menor custo e menor disseminação  da resistência”, diz Márcia Prata.

Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, é no verão que a pastagem apresenta menor população de larvas. Estrategicamente, essa é uma época certa para atacar o carrapato. “A recomendação mais adequada é agir com cinco banhos, um a cada 21 dias, durante esses meses de menores infestações”, diz Márcia.

A pesquisadora Márcia Cristina Mendes, do Instituto Biológico (IB) de São Paulo, lembra que, na Região Sudeste, junto com as primeiras chuvas da primavera, começa a infestação dos carrapatos nos bovinos. É importante, segundo ela, fazer o biocarrapaticidograma (teste para saber qual o carrapaticida mais eficaz a ser aplicado) uma vez por ano. A Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), realiza o teste de eficácia de carrapaticidas e orienta o produtor sobre como proceder para coleta e envio de carrapatos.* (mais informações AQUI

O produtor recebe gratuitamente em casa a determinação do carrapaticida adequado para uso em sua propriedade, além de orientações quanto à época mais apropriada para tratamento preventivo e à forma correta de aplicação do produto. “Esses três pontos são fundamentais para um controle eficiente”, resume a pesquisadora do IB. Segundo ela, o carrapato pode ser considerado o parasita dos bovinos economicamente mais importante do País. “Os prejuízos estão relacionados a perdas na produção de leite, além de gastos com produtos carrapaticidas”.

A pesquisadora Márcia Prata, da Embrapa, lembra que o carrapato transmite agentes de doenças como a tristeza parasitária bovina e a febre maculosa. “Se a doença se instalará ou não, vai depender de diversos fatores. O mais importante é a competência do sistema imunológico do animal, que está relacionada à condição nutricional, por exemplo. Para bovinos, falamos da tristeza parasitária; para humanos, falamos da febre maculosa”, afirma. A tristeza parasitária pode levar o animal a morte.

Dez passos para um combate eficaz

1 – Dose certa: a dose da bula. Nem mais nem menos. Subdosagens levam à aceleração da resistência e superdosagens representam grande risco de intoxicação.

2 – Nunca misturar produtos: os produtos eficientes são, em sua maioria, associações de princípios ativos. Misturar produtos leva a alterações em tais dosagens e concentrações, com sérios riscos à saúde dos animais e até à de quem aplica o produto na fazenda. Pelos mesmos motivos, nunca se deve utilizar um produto de forma diferente daquela informada na bula, ou seja, um produto para banho não deve ser aplicado de outra forma.

3 – Homogeneização: preparar uma “calda”, diluindo-se previamente a quantidade recomendada para o preenchimento de uma bomba em um balde à parte, com dois a três litros de água. O conteúdo do balde é, então, colocado aos poucos na bomba, adicionando-se água e mexendo sempre, até completar o volume recomendado. Não esquecer de agitar a solução também durante o banho.

4 – Equipamento: quanto menos contato do operador com a solução, mais seguro para a sua saúde e pior para o carrapato. Deve ser dada preferência a modelos em que o recipiente contendo a solução não fique “colado” ao corpo de quem banha. Esta medida minimiza os riscos à saúde e garante mobilidade. Quem tem de ficar contido durante o banho é o animal, não o operador.

5 – Segurança do operador: é imprescindível o uso de equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras, macacão e botas. Carrapaticida é veneno. Nas primeiras aplicações pode não se sentir nada, mas a exposição contínua ao produto pode levar a danos irreparáveis à saúde.

6 – Pressão: deve ser suficiente para atravessar os pelos, atingindo e molhando a pele, sem machucar o animal.

7 – Aplicação: sem pressa e com capricho. Deve ser feita a favor do vento e no sentido contrário ao dos pelos.

8 – Contenção dos animais: é essencial efetuar o banho com o animal contido (em brete ou cordas). Nada de ficar correndo atrás do animal a ser banhado.

9 – Quantidade: 4 a 5 litros de solução para um animal adulto. Para bezerros, quantidade menor, proporcional ao tamanho do animal. Deve ser banhada toda a superfície corporal do animal, atingindo-se até as regiões de difícil acesso, como úbere, face interna das orelhas e entre as pernas.

10 – Horário e condição dos animais: para reduzir riscos de intoxicação, nunca banhar em horas de sol forte e não banhar animais cansados. Evitar banhar em dias chuvosos, para garantir a eficiência do produto. Caso não seja possível evitar a chuva, deixar os animais por duas horas sob um teto após o banho e só então soltar no pasto. Animais em fase final de gestação devem ser tratados por último e com calma, para evitar traumatismos.

Fonte: Embrapa Gado de Leite

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