Com o avanço dos estoques internos de carne bovina, sobretudo nas câmaras frias dos frigoríficos exportadores, e as escalas de abate confortáveis, as indústrias se mantiveram afastadas das compras de boiadas gordas nesta sexta-feira, 22 de outubro, informam os analistas da IHS Markit.
“O ‘fator-China’ tem tumultuado toda a cadeia de bovinocultura de corte no Brasil”, ressalta a IHS, referindo-se ao conflito comercial gerado pela insistência do governo chinês em manter o embargo à carne bovina brasileira, iniciado em 4 de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos de vaca louca no País (em Minas Gerais e no Mato Grosso).
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Nos cálculos da IHS, as indústrias frigoríficas brasileiras já têm escalas de abate preenchidas até os primeiros dias de novembro, o que explica a falta de apetite da indústria pelas compras de boiadas.
Além disso, a oferta de gado confinado se intensificou nos últimos dias no Brasil, reforçando o movimento de pressão de baixa para o boi gordo e demais categorias de abate, complementa a Scot Consultoria.
Segundo levantamento diário realizado pela Scot, a atual semana terminou com preços estáveis nas praças paulistas, após seguidas desvalorizações diárias.
Com isso, a cotação boi gordo fechou em R$ 266, enquanto a vaca e novilha para abate foram negociadas por R$ 260/@ e R$ 274/@ (preços brutos e a prazo).
“Ao longo da semana a cotação do boi gordo caiu R$ 6/@; o valor da vaca gorda recuou R$ 1/@ e o preço da novilha teve baixa de R$ 6/@”, informa a Scot.
Segundo a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot, desde o início de outubro, o boi gordo acumula queda de R$ 26,50/@ em São Paulo.
A analista diz que a longa ausência da China continua refletindo fortemente no desempenho da exportações brasileiras de carne bovina.
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Até a terceira semana de outubro (10 dias úteis), o Brasil embarcou 45,69 mil toneladas de carne bovina in natura. A média diária exportada foi de 4,56 mil toneladas, o que representa uma queda de 44% em relação ao volume registrado em igual período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
“Para os próximos dias, a redução do ímpeto da indústria em comprar tende a continuar tirando o fôlego do mercado do boi gordo”, prevê Thayná Drugowick.
Na avaliação do zootecnista Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, os últimos dias têm sido difíceis para a pecuária nacional.
“O produtor menos capitalizado, que está sem condições para segurar os animais no cocho em função das chuvas mais frequentes e do custo elevado do trato, tem desovado parte das boiadas”, relata Coelho, acrescentando que tal ação “trouxe os preços de balcão do boi gordo paulista para R$ 260-R$ 265/@, à vista”. Por outro lado, continua o sócio da Radar Investimentos, “as indústrias frigoríficas têm negociado volumes menores de animais, cadenciado o abate e saído das compras de maneira rotineira”.
Segundo a IHS Markit, no balanço da produção mensal da proteína bovina brasileira, a fatia destinada ao mercado chinês chegou a corresponder a pouco mais de 15% nos meses de agosto e setembro, o que significou mais de 100 mil toneladas da carne exportada mensalmente ao país asiático.
“O avanço dos embarques nos primeiros meses do segundo semestre confirmava as expectativas de bons resultados e justificava a ascensão da produção nacional de carne bovina”, relembra a IHS.
Porém, com o cancelamento dos embarques à China, a partir de 4 de setembro, o cenário mudou radicalmente, acrescenta a consultoria.
“A expectativa é que de o abate bovino no Brasil tenha recuado mais de 20% nos meses de setembro e outubro frente às máximas alcançadas em julho e agosto deste ano”, compara a IHS.
Na bolsa B3, todos os vencimentos registraram fortes quedas na última quinta-feira (21/10), com todas as posições operando abaixo de R$ 300/@, informa a IHS.
No atacado, os preços dos principais cortes bovinos registraram novas quedas nesta sexta-feira.
Os problemas com escoamento da produção de carne bovina no mercado interno (enfraquecido pela atual crise econômica), além dos desvios ao País de parte das mercadorias que seriam embarcadas à China, tem enfraquecido os preços internos dos cortes bovinos, justificam as consultorias.
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“As indústrias trabalham para adequar a produção de carne bovina à demanda interna”, observa a IHS.
Segundo a mesma consultoria, apesar do conflito comercial com a China, a cadeia pecuária brasileira ainda espera alguma melhoria no consumo interno de carne bovina, estimulado pelas expectativas de final de ano (tradicionalmente, o período de festas costuma alavancar a demanda pela proteína vermelha, disparada a preferida dos brasileiros).
Cotações máximas desta sexta-feira, 22 de outubro, segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 268/@ (prazo)
vaca a R$ 258/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 266/@ (à vista)
vaca a R$ 256/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 268/@ (prazo)
vaca a R$ 257/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 267/@ (prazo)
vaca a R$ 258/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 253/@ (prazo)
vaca a R$ 243/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 253/@ (prazo)
vaca a R$ 244/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 250/@ (prazo)
vaca a R$ 243/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 251/@ (à vista)
vaca a R$ 244/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 252/@ (à vista)
vaca a R$ 243/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 251/@ (prazo)
vaca R$ 241/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 248/@ (prazo)
vaca a R$ 238/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 286/@ (à vista)
vaca a R$ 271/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca a R$ 246/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 256/@ (prazo)
vaca a R$ 248/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 269/@ (à vista)
vaca a R$ 259/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 285/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 285@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca a R$ 253/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 260/@ (prazo)
vaca a R$ 253/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 263/@ (prazo)
vaca a R$ 256/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 263/@ (prazo)
vaca a R$ 252/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 261/@ (à vista)
vaca a R$ 256/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 254/@ (à vista)
vaca a R$ 246/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 273/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 261/@ (à vista)
vaca a R$ 248/@ (à vista)