O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou nesta sexta-feira, 9 de abril, duas coletâneas que agrupam estudos de base científica que mensuram fatores de emissão e remoção de gases de efeito estufa pela agropecuária. Segundo a pasta, os estudos foram realizados por cerca de 400 pesquisadores e demostram como o uso de dados nacionais trazem mais realismo ao papel da agropecuária na mitigação de GEE.
“Em um ano tão importante como 2021 para o clima, lançamos essas Coletâneas tão importantes. Ampliamos a disponibilidade de dados sobre os sistemas nacionais que levam efetivamente em conta as especificidades edafoclimáticas do Brasil, a partir de metodologias científicas e aceitas internacionalmente”, disse a ministra Tereza Cristina ao lembrar importantes agendas climáticas internacionais a serem realizadas ao longo do ano como a Cúpula da Terra e a COP-26.
A diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini, explicou que, até agora, os dados usualmente utilizados eram estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC sigla em inglês) e oriundos de sistemas de produção muito diferentes dos utilizados no Brasil. As coletâneas agrupam informações adequadas para a agropecuária desenvolvida em clima tropical, podendo ser utilizadas por outros países com condições agropecuária e climática semelhantes.
“Esses dados são fundamentais para quantificar mais precisamente as emissões nacionais, permitindo disponibilizar informações adequadas à sociedade, e, sobretudo, direcionar adequadamente o desenho da política setorial nacional de enfrentamento à mudança do clima”, disse.
Conforme o ministério, nas coletâneas pode-se encontrar dados das pesquisas sobre os fatores de emissão e remoção de GEE para cana-de-açúcar, grãos, sistemas integrados de produção e florestas plantadas; pequenos ruminantes, grandes ruminantes e não ruminantes (suinocultura, frango de corte e psicultura em tanque-rede). Além disso, o levantamento mostra, por exemplo, que a adoção de estratégias de manejo, alimentação, genética e recuperação de pastagens influenciam diretamente nas emissões. Alguns trabalhos, como de ILPF, apontam inclusive a neutralização das emissões, em determinados sistemas produtivos.
ILPF
Líder em exportação de carne bovina, o Brasil apresenta transformações importantes nas últimas duas décadas com a redução expressiva das emissões de GEE totais por quilo de carne ou por litro de leite. Assim verificaram os estudos, levando sempre em consideração o ambiente em que o animal é criado, e não somente a emissão de gases decorrentes do processo de ruminação.
Segundo o Mapa, pelos sistemas de rebanho bovino em integração, para os quais o Brasil é referência mundial, o modelo de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) permite mitigar ou até neutralizar as emissões de gases de efeito estufa quando se tem a presença de árvores, tornando o processo de produção ainda mais sustentável a partir do melhoramento genético e manejo adequado de pastagens como estratégias, por exemplo.
“Neste contexto, é possível até a comercialização de uma carne com o selo carbono neutro, que atesta que os animais que deram origem ao produto tiveram as emissões de metano entérico compensadas durante o processo de produção pelo crescimento de árvores no sistema de integração LPF”, informa o ministério.
“É importante dizer para o mundo que a agropecuária brasileira emite cada vez menos gases de efeito estufa, e nós também promovemos a remoção de suas emissões”, comentou o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo.
Ainda segundo o ministério, as coletâneas agrupam o que há de mais recente em dados nacionais, além de apoiar o processo de revisão do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), com insumos de base científica para o fortalecimento das estratégias para o desenvolvimento de uma agropecuária sustentável.
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Coletânea de Fatores de Emissão e Remoção de Gases de Efeito Estufa da Pecuária Brasileira
Coletânea de Fatores de Emissão e Remoção de Gases de Efeito Estufa da Agricultura Brasileira