A menor oferta de leite no campo em maio acirrou a competição entre laticínios e resultou em aumento nos preços pagos a produtores em junho. O cenário foi verificado em todos os estados acompanhados pela pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Na “Média Brasil” líquida, o preço ao produtor de junho (referente à captação de maio) atingiu R$ 1,5135/litro. O valor representa uma forte alta de 9,8% em relação ao mês anterior. Em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio de 2020), a média atual está 2,7% menor que a verificada em junho de 2019, mas é a maior desde julho daquele ano.
O Cepea salienta que existe a tendência sazonal de aumento das cotações entre março e agosto, uma vez que a produção de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens em decorrência da diminuição das chuvas. Com o avanço da entressafra da produção no Sudeste e no Centro-Oeste e a estiagem no Sul, a captação de leite seguiu limitada. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou queda de 0,2% de abril para maio na “Média Brasil” e acumula diminuição de 12,6% neste ano.
Neste cenário, a menor captação em maio acirrou a competição entre os laticínios para a compra de matéria-prima. Isso foi evidenciado pelo aumento de 6,7% no preço médio mensal do leite spot (negociação de leite cru entre indústrias) em Minas Gerais de abril para maio, em termos nominais.
A menor oferta de matéria-prima em maio, por sua vez, intensificou a redução dos estoques de UHT, muçarela e leite em pó – que, vale lembrar, já vinham limitados, devido à menor produção em abril, por conta das incertezas geradas pela pandemia de coronavírus.
Adicionalmente, agentes de mercado informaram que a demanda por derivados lácteos se mostrou mais firme em maio em comparação com abril. O cenário favoreceu a recuperação das cotações dos lácteos.